Sant
Trap II
[Verso 1: Beleza]
Nada do que foi será do jeito que já foi um dia
Um dia eles entendem que pra construção do rap a destruição é uma obra de engenharia
Junta três, quatro vagabundos criativos cheio de aditivos inspirado em livros de magia
Que vive a prática da lei das ruas, um sobrevivente dessa treva entrando pra mitologia
Eu perguntei pra Deus: “quanto foi que deu na Mega Sena do futuro?” e ele nem me respondeu
Como eu fui tão egoísta de fazer um pedido desse se ele não ajudou nem os africano e os judeus?
Aí é mole, né? Tá geral querendo moleza e quando vê o olho brilha mais que H-Stern
Egoísmo do mundo novo, nosso povo ainda garoto mais vividos são o macaco e o jacaré
É só destruição no mundo todo mas eu to mais preocupado é aqui com o Hemisfério Sul
É uma maldição, tão querendo nos derrubar com decreto, bala e até boneco de vodoo
Quero a vitória da tartaruga contra a lebre
A realidade é triste mas a gente vive alegre
Do luxo ao lixo, amarradão na mansão ou casebre
A gente acende a brasa, come pra caralho e bebe

[Ponte: LM]
Um a zero nesse beat, hein
L-M
Jovem ruim!

[Verso 2: LM]
Essa magia branca anda trazendo a morte
Minha magia negra me livra essa má sorte
Se o rap não der certo eu estouro um carro forte
Deixo as danadinha babando com o meu malote
Roleta russa, atura ou surta
Rapaziada camisa larga, olhos pequenos
Montanha russa, a vida é curta
Seja bem vindo à minha seita e aceita que dói menos (plow)
Reclamávamos a muito tempo atrás, nos contradizendo como nossos pais
Praticando vandalismo em poesias imorais
Meu remédio eu to comprando em drogarias ilegais
Eu quero é mais que se foda
Sou mais um filho bastardo dessa pátria mãe gentil
Estrela cadente no meu bairro é traçante de fuzil
Essas esquinas do Brasil já viram mais sangue do que o filme do Kill Bill
Eu to a mil, eu vim pra ganhar, derrubar a banca
Estrategista como um ladrão de banco, franco atirador
Eles querem ter minha mente mas não adianta se não carregarem minha dor
Eu tenho nada, somente amor e determinação, intenção de não ser mais um corpo na estrada
Eu quero tudo, principalmente do patrão, do presidente se der mole arranco até a alma
Sou LM, jovem ruim, facilmente confundido com Robin Hood
Se der mole na minha frente é “clack boom”
Niterói, linha de frente, eu sou mais um
[Verso 3: Nuquepi]
Um a mais pique exército de um homem só
Pra matar e morrer por meus ideais e por um mundo melhor
Filhão, nunca fui mídia porque eu nasci revolução
Pra derrubar paradigmas e quebrar esse padrão
Tu tem consciência de si ou tá senhor da razão?
E pra parecer o fodão, meus irmão, tu para pra ouvir
Pensar global, agir local
Se não cuida do seu quintal como quer ver o jardim florir?
Qual seu direito de interferir?
Seu julgamento do que é o certo vale somente pra ti
E o respeito termina se o meu espaço tu invadir
Nós é cria não é criado, papo reto é papo certo
Papo torto é dar dois papo, bota a aba reta na cara e mantém punho cerrado
Clareza e sinceridade te faz ser um mano honrado
Atividade dobrada, vivemos tempos sombrios
Marielle Franco executada aqui no Rio

[Ponte 2: Sant]
Diretamente do mundo ao norte, eu mermo
Trem bala
Mais uma noite no subúrbio

(Sant)

[Verso 4: Sant]
Ouvi rojões e tiros
Rojões e tiros
É, alguma mãe, hoje, talvez perca seu filho
Foi só um giro (huf)
Livre suspiro
Ao passar a mão na testa suja: molhou seu cílio
Rotina dessas fronteiras não nos vermos iguais
Seus termos coloniais soando-me atuais
Distantes da raiz, sendo fruto de algoz
E ainda seremos luz além das barreiras
Que “o tempo passa”, passei ouvindo
E trilhei meus passos firmes, demarcando a trincheira
Através da janela todo traçante é lindo
Atravessa essa tela e fica de bobeira (pow pow)
A escola estimula submissão
E a vida boa é tu ser patrão de outra pessoa
Reproduzindo discurso de quem só fala atoa
Que Deus me dibre disso, gênio
Eu nasci capoeira (han)
Rima rasteira braba que, na batida, voa
Sant em flow besouro, brinca sem brincadeira
Deixa pensar que é música que a gente finge que é dança
E na hora da roda eles perde a cadeira