Sant
Carta Aos Meus Iguais de Alma
[Verso 1]
A luta é pela África
Não pelas mamas que vendem nos clipes
Cerrem-se punhos, encerrem-se buscas só por mais clicks
E hits que agridem ouvidos
Mundo virtual, onde virtudes não fazem sentido
Meus irmãos desistiram e se entregaram
Viram que não era fácil e se conformaram
Sorte a minha não pensar o mermo
Não vim pra ser herói, mas se for pra ser, só me dá a capa
Gueto precisa de representantes, tó minha cara a tapa!
Cata a oportunidade, senão vem outro e te mata, saca?
Deslealdade em todo lugar do mapa
Atrapalha a evolução da espécie
Mas parece que o ser humano é o primata
Rata-ta-ta e boom! Final do filme
Angústia firme que me faz sentir que
Essa geração já era e define que esse plano tá perdido
So, please, Lord, kill me!
Pra que eu renasça mais forte
Haja sorte, pra que o futuro traga-me meu Norte
Enquanto isso, vou pelo vale das sombras sem medo
Mas meu receio é de não ter mais suporte
Corte! Onde Zumbis vagam, divagam
Entre corpos doentes, me indagam
“Será que eu sou diferente?”
Acho que não, Darwin tá certo: meio me poluiu
E ter isso tudo em mente é o fogo no pavio
Essa carta hoje é a de ontem, que o amanhã construiu
Frio, igual o amor que cê diz ter
Ahn... E aos valores que cê pregava
Ahn... É, mas teve que abster
Ahn... E pense o que quiser aqui, Zé
Até porque tudo que eu fizer
Tu vai achar uma merda, né?
Mundo cão, homem cão, mas os cães são tão bons
Merda de comparação! Ahn... Eu e meus dons
De achar tudo imperfeito, a Matrix me quer burro
“Blue pill for you”, Dando à ponta de faca, um murro
Sussurro entre em meus ouvidos, escrevi pra ter o registro
Elevação espiritual, nada disso eu administro
Conflito cerebral, num inferno astral
E meu lado racional tentando entender meu lado sinistro
Ahn… Irmão, não pense que cê vai esquecer
Pois o que cê viu, nunca mais será desvisto