Genius Portugal
Entrevista: xtinto
Entrevista a xtinto pelo Genius Portugal

Estivemos à conversa com xtinto, para celebrar 1 ano do EP inacabado
Legenda: Pergunta | Resposta1 - O teu projeto inacabado faz terça feira 1 ano do seu lançamento, e devido à pandemia, certamente não pudeste apresentá-lo ao vivo tantas vezes, como seria talvez possível em situações normais. Como é que isso teve impacto em ti e no teu processo criativo?Apresеntei duas vezes еm dois gigs incríveis. Sou grato por tudo o que tem vindo a acontece na minha carreira, este foi um ano atípico mas não fui a única vítima. Estamos todos no mesmo barco. Em termos de produtividade arrisco-me a dizer que foi o ano em que trabalhei mais, tenho um baú recheado de música - e música diferente do que estava habituado a fazer! Trabalhei com muitas pessoas com quem nunca tinha trabalhado antes e está a ser o caso perfeito do mal que vem por bem.2 - Já estivemos em contacto por vezes, e sabemos que, além de gostares de analisar as letras (enquanto ouvinte), dás bastante valor à escrita. Curtes ver as interpretações que o pessoal faz dos teus versos?É gratificante ver que alguém se interessa e investe tempo a analisar a minha escrita, era exatamente este o nível que queria atingir desde que comecei a escrever. S/o a todos os que fazem anotações, keep doing it!3 - Focando no EP, ao longo das 5 faixas, é possível ver várias referências, por exemplo a artistas (Branko, Tilt, SippinPurpp)…isso é algo que surge de forma natural, e que seja quase como um shout-out?Por norma surge naturalmente quando faço as punchlines e eu gosto dessas brincadeiras. Não estava à espera que descobrissem que a dica do "memo à Freixo dava p'a G lá nos states num T3" era uma referência ao Lon3r e quando vi a anotação achei incrível.
4 - Além disso, por exemplo nestes versos: “Que eu sou Álvaro Cunhal, Barba no pinhal, Tártaro dental” …para além da referência ao Álvaro Cunhal, há também uma alusão à faixa “Barba No” do L-Ali? Vocês dois têm estilos de escrita que se cruzam, nos wordplays e etc…também te revês nisso?O Hélder é o meu rapper tuga favorito, é normal que a minha escrita tenha raízes da escrita dele.5 - Agora, pegando nestes versos “Não sei se falei na forma que eu dropo dá-te em cefaleia” …as tuas rimas são muito bem trabalhadas… sentes que, por vezes, a mensagem pode não chegar a 100% aos ouvidos dos ouvintes? O Tilt já dizia algo como “rimar para rappers” numa entrevista, também concordas com isso?Sim, há obviamente dicas que são para amantes da cultura. Quando digo "tenho mesmo a pixa grande" é provável que pessoas de fora achem que estou concretamente a gabar-me do tamanho do meu pénis enquanto que o pessoal que está dentro do nosso antro percebe que é uma referência à faixa do X-Tense.
Ando a tentar simplificar a escrita nesse sentido mas gosto sempre de meter lá esses easter eggs no meio.6 - Algo que também reparamos com alguma recorrência são referências a vários campos de conhecimento diferentes, desde a mitologia à filosofia, política…Na tua visão, e pela tua experiência pessoal, um rapper que tenha um vasto conhecimento geral é um rapper mais completo em termos líricos?No geral, alguém que tenha mais conhecimento será sempre uma pessoa mais completa.
Eu não tento ensinar nada a ninguém (quão arrogante seria da minha parte) nem acho que nenhuma música o tenha que fazer, o que me surge são apenas referências. Se alguém aprender algo com isso, melhor!7 - Na “caixa” dizes: “Vejo o sol é forte, a morte é no sul, Apollo 'tá no norte, noutro polo é que eu bulo”…pela nossa interpretação, Apollo sendo o deus do Sol, dizes que preferes o pólo oposto, que na mitologia é o deus Dionísio (Deus dos ciclos vitais, das festas, do vinho, da insónia e do teatro)… tema que também abordas noutros versos do EP… o que quer dizer propriamente o "bulir" nesse polo?Referia-me ao bulir na sombra, longe da luz. Foi uma fase mais down da minha vida, todo esse EP representa exatamente isso.
Ébano, mais escuro e mórbido antecede o Marfim mais sóbrio e luminescente.
"Há equilíbrio se há ébano na mesma dose que há marfim" digo numa faixa unreleased com o benji price chamada "Éden"8 - Este ano, embora com a pandemia, mantiveste-te ativo com “Marfim”, no álbum do Vulto, e o tema “Taquicardia”…Não é a primeira vez que colaboras com o Vulto…não querendo estabelecer comparações entre benji e Vulto, também sentes que flui bem o trabalho com ele?Sim, o VULTO. é das pessoas com quem mais gosto de trabalhar e já assumi isso em várias entrevistas.
O benji é desde sempre o maior pilar da minha carreira, eternamente grato por tudo o que ele fez e faz por mim!
Este ano levou-me também a bulir com novas pessoas como o Guire, o Billy (que além de meu DJ e videomaker é também um génio a produzir), o Naife, o Hyzer, holympo, etc... Está a ser um ano promotor de novas ligações e colaborações.9 - Na entrevista ao Raptilário dizias que o final do ano, na tua ótica, é uma boa altura para lançar cenas. Poderá surgir um longa duração como falaste em tempos do “latência”?Em Dezembro há sempre prendas de Natal
Todas as letras de xtinto disponíveis na sua página de artista.