Entrevista a Vlad pelo Genius Portugal
Legenda: Pergunta | Resposta1 - Apresenta-te e representa a tua zonaOlá a todos, o meu nome é Vlad, tenho 19 anos, a minha família é de Kiev, Ucrânia, mas eu – nascido nos Açores, represento, com o maior orgulho, a ilha Terceira, Açores!2 - Com que idade foi o teu primeiro contacto com o hip-hop e quando decidiste gravar as primeiras coisas?Confesso que não tenho presente, ao certo com que idade tive contacto com o hip-hop, mas a primeira música que me lembro de ouvir, e de ter decorado imediatamente quase, foi “Poetas de Karaoke”, do STK.
Penso, na verdade, que tive várias “primeiras coisas” relacionadas com o hip-hop que me marcaram. Lembro-me de quando gravava com o telemóvel e com o beat a dar no PC, e de, eventualmente o meu amigo Tomás ter começado a passar a minha voz por cima do beat, no computador. Depois, passei a ir gravar a Lisboa, na ETIC, com os meus boys Rijo e António, e aí o som saía muito mais profissional, mas ainda assim não estava no nível de qualidade constante que eu queria. Depois disso, tive a grande sorte de ter começado a gravar na BigBit (estúdio que muitos conhecem), profissional, com imensa qualidade e, perante esta oportunidade, espero continuar a melhorar, todos os dias.3. Quais as tuas referências do rap a nível local e nacional. Como vês o panorama do rap das ilhas em geral?A nível local acho que todos os açorianos tem a mesma referência, o Sandro G. Devo dizer que, no meu caso, Sandro G é referência – claro, mas não é pelo estilo em particular, mas sim por ser o pioneiro do hip-hop açoriano, grande respect mesmo!
A nível nacional, tenho vários artistas como referência, e listo sem nenhuma “hierarquia” em particular – Holly Hood, Sam The Kid, Valete, Xtinto, e ProfJam, todos com um brain insane, tento aprender com eles o melhor de cada um.
Quanto ao panorama das ilhas, penso que o rap das ilhas está, em geral, num bom caminho, há cada vez mais pessoal a entrar nessa onda. Sinto que o mais difícil é mesmo sair da casca, perder o receio. Há muito talento aqui submerso que um dia virá ao de cima.4 - Sendo dos Açores vieste para Lisboa quando? Foi para estudar ou também para investir na música?Vim para Lisboa este ano, entrei no primeiro ano de faculdade em Setembro. Posso dizer que, maioritariamente, vim para estudar na universidade, mas sinto que na verdade é um dois em um: posso estudar e, ao mesmo tempo, fazer isto – que é o que mais gosto.5 - Tiveste logo como referência a Big Bit para gravar as tuas faixas?Isso de gravar tem a sua história, devo dizer, mas tudo começou quando o meu bro Sensei falou-me deles (que eles eram pesados!). Estando apenas no início desta carreira, não conhecia ainda muitos estúdios fortes, mas depois falei com o Lince, que é o dono da BigBit e combinamos gravar lá o meu trabalho, onde depois a coisa foi evoluindo e acabei por me tornar artista deles.6 - Como surgiu a colaboração com o Nameless?Eu conheci o Nameless em fevereiro de 2020, ele foi o primeiro rapper a falar-me do meu potencial e a acreditar em mim – pelo que aproveito aqui mais uma vez para dar-lhe o meu obrigado!
E desde aí fomos sempre trocando ideias até surgir a oportunidade deste feat, do qual eu fico muito feliz por ser com ele, pois lá está - foi o primeiro a acreditar.7 - Essa foi a primeira faixa que lançaste, pelo menos no teu canal? Porque optaste ser com participação e não a solo?Sim, claro que ponderei lançar a solo, uma pessoa tem sempre o sonho de lançar um som seu, mas confesso que penso que foi melhor assim! Adorei trabalhar em equipa e, com a troca de ideias que fui tendo com o Nameless para o feat, a dada altura apercebemo-nos que já estava todo finalizado, pelo que.. porque não partilhar? E penso que acabou por ser a melhor decisão – acabei por conseguir levar o som a mais pessoas!VLAD FT. NAMELESS - 0-0-11
8 - A faixa está bem conseguida e pareceu quereres entregar algo com qualidade, quase como uma apresentação. O intuito foi também deixar essa vontade aos ouvintes de ouvir mais?Sim, o intuito é sempre a qualidade – aliás, posso agradecer à minha irmã por essa constante exigência que, com a melhor das intenções sem dúvida – mas foi sempre a minha maior crítica. Pelo que sim, sempre qualidade, mas o que quis foi precisamente apresentar-me ao mundo do hip-hop português.
Aliás, o meu EP todo gira à volta disso, é pelo menos esse o nosso objetivo. Já agora, com isso posso explicar o nome do meu EP, o porquê de se chamar como se chama.
O EP tem o nome de “Poder & Glória” e a razão é, na verdade, bem mais próxima do que aparenta e bastante simples, até. O objetivo do EP é mostrar quem é o “Vladêslav” (que é o meu nome), e “Vladêslav” é um nome muito antigo, ucraniano, com um significado – como todos os nomes antigos têm – e que traduzido à letra é composto por duas palavras, que traduzidas significam precisamente isso “poder” e “glória”. Foi um nome de família, escolhido para me dar o suporte e a crença em poder de seguir sempre os meus sonhos, e fazê-lo com “glória”, isto é, de uma forma que seja bem recebida pelos que me rodeiam. É isso que eu pretendo – quero mostrar o “Vladêslav”.
Tento fazer coisas de forma minimamente diferente, coisas que as pessoas já não estão habituadas a ouvir, porque hoje em dia quase todos fazem os mesmo – e não digo que isso é mau! Mas eu vejo espaço para inovação no hip-hop português, tento consegui-la, fazer algo diferente, porque pode ser que haja ouvintes que também estejam à procura disso...9 - Ambição para um feat, uns ouvidos e um palco.Quem me conhece, sabe bem que o meu feat de sonho é com o Holly Hood – nem consigo explicar a conexão que tenho com as músicas dele.
Quanto aos ouvidos que queira chegar e palcos, não tenho assim nada em concreto para já, acho que todos os ouvidos são igualmente importantes para os artistas, e palcos também! Mas claro que há aqueles maiores, mas não, não tenho nenhuma preferência. Por agora, quero fazer o som que gosto, com a letra que me sai naturalmente e se houver pessoas que também gostem de o ouvir e de partilhar esses momentos comigo – num palco – isso seria incrível!