Genius Portugal
Entrevista: PTA SLOMO
Entrevista a PTA SLOMO pelo Genius PortugalLegenda -> Pergunta | Resposta1. Apresenta-te e representa a tua zona.O meu nome é PTA, tenho 25 anos e sou do Pinhal Novo, Margem Sul, onde nada se passa mas tudo acontece.2. Como surgiu o nome PTA?O nome PTA surgiu quando eu comecei a escrever as primeiras rimas. Na altura eu rimava com um amigo meu e decidimos que cada um devia ter um nome de rapper. Na altura еscolhemos duas siglas, a minha era PTA, a delе era PDG, siglas estas que não têm nenhum significado profundo e imaginativo por detrás mas que não pretendo revelar, pelo menos por agora. Talvez venha a expor essa história ou a revelar os significados num projeto futuro, ou algo do género. Ainda é algo a pensar.3. Como é que te iniciaste a escrever rimas?Inicialmente, antes de conhecer o hip-hop, eu comecei por escrever a poemas, após o ter aprendido na escola. Poucos anos mais tarde, por volta dos meus 9 anos, um amigo meu apresentou-me o Manda Chuva, do Boss AC, em CD, e esse foi o primeiro contato que eu tive com o hip-hop. Ouvia o CD a toda a hora num leitor que tinha na altura. Pouco tempo depois, os tais poemas já foram sendo escritos e até cantados com ritmo, ainda sem beats. Rimava os meus poemas, em cima das músicas do Boss AC. Mas as rimas eram todas muito básicas e muito influenciadas pelas histórias desse álbum.4. Quais as barras, até hoje, que mais te orgulhas de ter escrito?Confesso que não tenho uma barra preferida mas há algumas que me marcaram. Embora eu goste, e faça bastantes rimas de trocadilhos em egotrip, penso que as rimas das quais mais me orgulho são as mais sinceras e que têm um significado por detrás. Tenho uma no final da faixa "Momma" que é: "Esta é a carta de um mau filho que sonha ser bom pai"
Tenho uma numa faixa denominada "Problemas" que é: "A força que eu antes estava a pedir no céu, é a mesma força que hoje eu estou a pedir no meu espelho"
E penso que posso citar também uma do single "Duas Caras" que é: Na boca das chavalitas, perguntam pelo rap só para cravar guitas, e aqueles que me davam facadas nas costas hoje estão a tentar vir nas minhas cavalitas"5. Que papel tem o Switzzbeats na tua carreira e na tua pessoa?Eu considero o Switzzbeats um irmão que a música me deu. Conhecemo-nos devido à música, pois o primeiro contato que tivemos foi quando eu fui gravar a faixa "Slowmotion" em 2018, ao estúdio dele, e acabou por se tornar um irmão para mim, uma pessoa com a qual eu sei que posso contar para todas as situações. Em termos musicais, eu conheci-o numa altura chave, pois eu não trabalhava e não tinha condições para pagar tudo aquilo que queria criar, quer em termos de faixas, quer de clips, e ele decidiu apostar em mim e na minha carreira, e atualmente ainda trabalhamos juntos e havemos de seguir assim para onde a música e a vida nos levar.6. Quais foram as tuas maiores dificuldades desde que começaste a levar a música de forma mais séria?Inicialmente, as minhas maiores dificuldades eram pagar todos os custos que uma boa música acarreta, tal como pagar captação de som, mixagem, masterização, pagar videoclipes, etc. A partir do momento em que isso deixou de ser um problema, penso que a minha maior dificuldade foi expandir o meu trabalho, isto é, fazer com que o meu trabalho chegasse a mais pessoas. Eu sei que as pessoas que estão no meu meio envolvente ouvem e sabem as minhas letras, mas não tem sido fácil sair deste núcleo restrito.7. Como é que surgiu a ideia para o teu EP "Alma"?Tal como disse, eu e o Switzz já trabalhamos há algum tempo. Mas nunca tínhamos feito um projeto sólido, pensado. Então decidimos que estava na altura de termos um projeto nosso, em que todas as faixas fossem produzidas por ele, bem como as mixagens e masterizações, dando assim até uma consistência ao projeto a nível de sonoridade e de qualidade musical. Visto que todas as faixas relatam episódios que eu passei ou que observei no meu meio, acabando por serem importantes na criação da minha personalidade, decidimos denominar o projeto de "Alma".8. Qual é o tema, sem contar com o "Momma", que mais te orgulhas ter escrito?Mais uma vez, penso não ter um som que se destaque o suficiente dos outros a nível de gosto pessoal, mas se tivesse que decidir, diria o "Bottom". Esse som relata vários episódios que eu vivi ou presenciei na minha zona, e consigo justificar com exemplos do dia-a-dia, todas as situações que nele relato. Além disso, é uma música com a qual, as pessoas que vivem no mesmo meio que eu, se identificam porque passam ou conhecem a mesma realidade.9. Quais os artistas que mais te inspiram? Nacional ou internacionalEu sempre ouvi muito mais rap Nacional que Internacional. A nível Nacional sou inspirado por artistas como Sam the Kid, Regula, Phoenix RDC. Talvez Wet Bed Gang, Ivandro, T-Rex, Jahja e Bully da nova escola e Landim e Loreta do rap criolo. A nível Internacional, fui inspirado inicialmente pelo Tupac, 50 Cent, e atualmente talvez Tory Lanez, NLE Choppa, Morray, Morad, ElJincho, Orochi, Difideliz, por aí.10. O que mais inspira para fazer música?O que me inspira para fazer música são as minhas vivências. Não todas obviamente mas sim aquelas que mais me chocam. Aquelas que eu passo, que eu vejo, ou que eu ouço e que me deixam a pensar. Dos pensamentos, passo para desabafos e dos desabafos para a música.11. Qual é o teu objetivo como músico?Eu tenho vindo a atingir os meus objetivos gradualmente. O que me faria mais feliz seria dar uma vida melhor aos meus familiares e aos meus amigos através deste meu sonho. Um objetivo do qual me orgulho e que tento atingir sempre que lanço uma música nova, é saber que essa música ajudou, ou pode ajudar, uma pessoa desconhecida a ultrapassar algum mau momento na sua vida. Lembro-me que o "Momma" ajudou 2/3 pessoas a encararem de maneira diferente a morte das suas mães e nada me deixa mais orgulhoso que isso.12. Sabemos que vais ao MEO Sudoeste em agosto, como foi alcançar esse objetivo?Foi algo que sempre ambicionei e que sempre me pareceu muito distante. Quando soube que tínhamos sido convidados para lá ir, a felicidade e ansiedade que senti são inexplicáveis. Foi como um antecipar de um objetivo que eu saberia que um dia haveria de alcançar, mas do qual ainda estava longe. Foi um passo muito grande e há de ser muito marcante na minha carreira.13. Que podes adiantar em relação a projetos futuros?Atualmente estou a tentar me reinventar, a experimentar novas musicalidades, a trabalhar com outros produtores, a aumentar o meu conhecimento geral, de modo a que, para o ano, esteja pronto para começar a trabalhar num álbum. Até lá podem contar com singles com sonoridades diferentes e com um nível de escrita mais avançado para aquilo que tenho feito, na minha opinião.14. Por fim, diz-nos quem ambicionas para um feat, um palco para dares um concerto, e alguém para ouvir um som teu.Ambiciono e penso que seria interessante fazer uma faixa com o Slow J e o Gson. Gostaria de um dia encher o Coliseu. E o Richie Campbell precisa de ouvir um som meu porque já me disseram várias vezes que temos uma sonoridade semelhante, embora cantemos em línguas diferentes.