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Entrevista - Van Zee
Entrevista a Van Zee pelo Genius PortugalLegenda -> Pergunta | Resposta1. Apresenta-te e representa a tua zona

➤ Sou o Van Zee, tenho 21 anos, sou da Madeira e comecei a lançar projetos em 2018 (aos 15)

2. Qual é a origem do nome "Van Zee"?

➤ “Van Zee” vem do lado holandês da minha família e significa “do mar”. Senti que por ser da ilha sempre tive uma relação forte com o mar, é como se o nome já tivesse sido escolhido antes de me ser dada a еscolha.

3. Para dar a conhecer um pouco mais sobre ti, o quе te leva a escrever as primeiras rimas, e o que ouvias em termos musicais?

➤ Sinto que havia e ainda há pouco incentivo à criação de arte na Madeira. Encontrei motivação e inspiração em exemplos do panorama nacional, tais como o Halloween pela autenticidade da sua sonoridade, mas também tenho grandes admirações a nível internacional - ouvia imenso Joey Bada$$ e Kendrick quando comecei a escrever. Acho que encontrei na música um refúgio quando me deparei com fases mais difíceis, lá no fundo era uma forma mais eficiente de me expressar.

4. Em 2018, com apenas 15 anos, estreias-te com o tema "Noites em Branco". Como foi o processo criativo dessa música? Existiu alguma dificuldade para a realizar?

➤ Agora com uma nova perspectiva, a “Noites em Branco” vem quase como um “leap of faith” numa das alturas mais baixas da minha vida. Já tinha feito outros projetos, mas o meu processo criativo estava em fases muito iniciais. Portanto fiz como qualquer outro jovem apaixonado pela música, peguei nessa minha vontade, num caderno, uma caneta e um type beat do YouTube. Na altura a minha maior dificuldade para tornar a “Noites em Branco” duma ideia na minha cabeça para um projeto “tangível” foi mesmo a falta de equipamento e de um guia. Felizmente, na altura consegui chegar ao Gamelas que gravou o projeto e deu uns tweaks nas minhas vozes. Pouco depois de uma semana lancei o projeto e teve uma aderência muito maior do que poderia estar à espera na altura.


Van Zee (2018)

5. Ilha da Madeira é o teu berço. Como vês atualmente o rap/música por aí? Alguma referência mais próxima?

➤ Acho que, felizmente, começo a ver mais projetos a virem da Madeira e acima de tudo mais diversidade nos projetos. O panorama artístico na ilha é pouco apoiado e ser um meio fechado não beneficia esta situação. Um jovem interessado pode nem experimentar deixar a sua veia artística fluir, com medo do que possa ser dito ou de que os seus esforços não virão a ser recompensados. Quando era mais novo, por isto mesmo, tentei encontrar motivação em referências de outras áreas (na ilha) e de outros sítios (na arte). Hoje, espero poder servir de alguma inspiração para jovens artistas que queiram partilhar o que criam.

6. Como descreves o teu tipo de música atualmente? E que mensagem tencionas passar?

➤ Ultimamente tenho tentado desafiar qualquer ideia que possa ter acerca da minha arte antes de começar o meu processo criativo. Isto ajuda-me a começá-lo com abertura para fazer seja lá o que estiver na altura de ser feito. Tenho vindo a acreditar que é mais este o meu foco, partilhar uma ideia que “x” número de situações levaram-me a sentir e fazê-lo sem me restringir a um estilo ou sonoridade. Tento transmitir o que estou a sentir, ambicionar, idealizar ou simplesmente uma ideia ou conceito que senti.
7. O produtor Nort é um colaborador bastante presente nos teus trabalhos ao decorrer dos anos - como é que se manifestou essa conexão?

➤ Conheci o Nort entre 2018 e 2019, através dum amigo em comum. Estávamos ambos em situações semelhantes mas de formas diferentes - o Nort tinha um grande conhecimento musical e uma paixão por produção e som, eu adorava escrever, cantar e explorar sonoridades mas pouco conhecimento teórico. Acredito que através duma dedicação mútua ao projeto e ao desenvolvimento da nossa música, conseguimos construir algo que nenhum de nós sonhava na altura em que começamos a trabalhar.
Van Zee e Nort

8. Criaste há uns anos o projeto "Stereo Lab" com o artista klosxe. Como surgiu essa colaboração e em que consistia esse projeto?

➤ Quando lancei o meu primeiro projeto, o klosxe já estava envolvido há algum tempo na cena e não foi demorou muito para que começássemos a trabalhar juntos. A “StereoLab” foi de certa forma a nossa vontade de colocar a “Madeira no Mapa”. Quisemos juntar artistas insulares de forma a que pudéssemos juntar conhecimentos e lançar projetos novos. Na altura falamos com algum pessoal para se juntar ao projeto e trabalhamos com o Jay-T e o Rixxardi. Infelizmente na altura não continuamos a trabalhar no projeto, mas quem sabe se no futuro não damos asas a esse projeto doutra forma.

9. O que podemos esperar de Van Zee em 2023?

➤ Bem, há muita coisa por vir em 2023. Podemos esperar muita música nova, projetos diferentes, colaborações com artistas por todo o país, o meu começo nos live shows… são algumas das muitas coisas que estamos a preparar, 2023 é o ano do mar.

10. Por fim: ambição para um palco, uns ouvidos e um feat.

➤ Acho que para um palco diria Altice. Ouvidos já é uma pergunta mais difícil, mas se calhar Rick Rubin, mas mais numa de ouvi-lo a falar acima de tudo. No que toca ao feat talvez ia para o Blanco e Smino, tenho sentido imenso a cena deles. Não sei se estou a sonhar alto.Fica a par de todas as letras de Van Zee na Genius