Facção Central
Apologia ao Crime
[Letra de "Apologia ao Crime" com Facção Central]

[Verso 1: Eduardo]
Não queria te ver na maca, cuspindo sangue
Quase morto no hospital com uma pá de tiro, tomando soro
Nem catando Pioneer do Escort
Nem enrolando a língua, morrendo de overdose
Esquece a doze, o cachimbo, a rica cheia de joia
Já vi, por um real, bisturi de legista em muito noia
Não seja só mais um número de estatística
Um corpo no bar, vítima de outra chacina
É embaçado saber que a propaganda da TV
De carro, casa própria não foi feita pra você
Saber que pra ter arroz, feijão, frango no forno
Tem que pegar um oitão e desfigurar um corpo
Entendo o motivo, sou fruto da favela
Sei bem qual a dor de não ter nada na panela
De dividir um cômodo de dois metros em cinco
Um quarto sem luz, água sem sorriso
Só que, truta, o crime é dor na delegacia
Choque, solidão, agonia
Te dão uma 1.40 com silenciador e mira
Pra você estraçalhar com o caixa da padaria
Da mercearia, drogaria
Pra que, um dia, sua família reze sua missa de sétimo dia
O boy de Rolex, Cherokee, vidro fumê
É armadilha do sistema pra matar você
[Refrão: Eduardo]
Não caia na armadilha, siga a minha apologia
Mesmo de barriga vazia, esqueça a joia da rica
Não caia na armadilha, siga a minha apologia
Sua missa de sétimo dia 'tá no importado na avenida
Não caia na armadilha, siga a minha apologia
Mesmo de barriga vazia, esqueça a joia da rica
Não caia na armadilha, siga a minha apologia
Sua missa de sétimo dia 'tá no importado na avenida

[Verso 2: Dum-Dum]
Corrente de ouro, carro do ano: tudo ilusório
Farinha, bicarbonato, velório
Traficante, vi vários com uma pá de funcionários
De BMW, dando dinheiro pra delegado
Comemorando o ano novo descarregando a traca pro alto
Terminando sem um centavo na doze do soldado
De fuzil, granada, nove
Nunca ninguém voltou com um malote do carro forte
Sempre o mesmo fim: mãe chorando no caixão
Ou mano planejando rebelião na detenção
Mordida de cachorro, esculacho do GOE
Só quem te lá dentro sabe o preço de matar o boy
Sei que é muito pouco sonhar apenas com comida
Quem não quer ter uma casa com piscina?
Um cargo bom ao invés de comer lixo
Um carro importado, último modelo esportivo
Só que o conforto não vem através do revólver
Do sangue da refém milionária, temendo a morte
O gambé não quer saber seu motivo
Quer sua cabeça na parede igual um porco abatido
Não interessa se é pro remédio da sua mãe
Pra fumar crack ou beber champanhe
Se invadir o condomínio gritando "assalto"
Caiu na armadilha, até no teto vai ter seus pedaços
[Refrão: Eduardo]
Não caia na armadilha, siga a minha apologia
Mesmo de barriga vazia, esqueça a joia da rica
Não caia na armadilha, siga a minha apologia
Sua missa de sétimo dia 'tá no importado na avenida
Não caia na armadilha, siga a minha apologia
Mesmo de barriga vazia, esqueça a joia da rica
Não caia na armadilha, siga a minha apologia
Sua missa de sétimo dia 'tá no importado na avenida

[Verso 3: Dum-Dum, Eduardo]
Querem você virando a cadeia, matando estuprador
Exigindo o governador, o juiz corregedor
Querem você num Opala metralhando, pá
Chacina de número trezentos pro SPTV noticiar
Por isso não tem um de nós no Congresso, na Câmara
Aqui é só ladrão em estado vegetativo na cama
Ou na cadeira de roda, tiro na espinha
Por um par de tênis, um risco de cocaína
Nossa vida vale menos que um real
Aqui pobre só presta pra doar órgão no hospital
Por isso vai pro colégio tentar ser o arquiteto
Não faça os porcos aplaudirem mais um nóia analfabeto
Que bate na coroa pra fumar um rádio
Na mão de traficante, amanhece esquartejado
Pega sua 380 e faz a planta do banco
Atira no segurança, chuta o refém que tá chorando
Cata o malote, esvazia o cofre
Descarrega na cabeça do gerente sua nove
Ou põe a roupa de carteiro pra enganar o porteiro
Enquadrar um prédio inteiro e roubar joia, dinheiro
Pras seis horas eu te ver no Cidade Alerta
Algemado com hematoma tipo cachorro numa cela
O sistema tem que chorar, mas não com você matando na rua
O sistema tem que chorar vendo a sua formatura
[Refrão: Eduardo]
Não caia na armadilha, siga a minha apologia
Mesmo de barriga vazia, esqueça a joia da rica
Não caia na armadilha, siga a minha apologia
Sua missa de sétimo dia 'tá no importado na avenida
Não caia na armadilha, siga a minha apologia
Mesmo de barriga vazia, esqueça a joia da rica
Não caia na armadilha, siga a minha apologia
Sua missa de sétimo dia 'tá no importado na avenida
Não caia na armadilha, siga a minha apologia
Mesmo de barriga vazia, esqueça a joia da rica
Não caia na armadilha, siga a minha apologia
Sua missa de sétimo dia 'tá no importado na avenida
Não caia na armadilha, siga a minha apologia
Mesmo de barriga vazia, esqueça a joia da rica