[Esquete 1: Eduardo]
[celular toca 2 vezes]
Eduardo: Alô!
Homem: Alô! Quem tá falando?
Eduardo: Eduardo, mano
Homem: E aí, Eduardo! Firmeza, mano?
Eduardo: Firmeza
Homem: Aqui é o parceiro de Osasco, lá, do show do dia 22
Eduardo: Ô, e aí, truta! Firmão, mano?
Parceiro de Osasco: Firmeza! Aí, parceiro; não vai ter nem aquel- mais aquele show não; num precisa nem mais vim não
Eduardo: Como assim, mano? Como num vai ter?
Parceiro de Osasco: É, mano. Tava tendo o show do Tribunal MC's, tá ligado?
Eduardo: Pode crer
Parceiro de Osasco: Aí um mano pisou no pé do outro, os dois se estranharam
Eduardo: Ih, mano...
Parceiro de Osasco: Um deu uma facada no pescoço do outro e o maluco morreu, mano!
Eduardo: Porque pisou no pé, mano?
Parceiro de Osasco: Foi, mano! Aí os cara embargou o show aqui, mandou todo salão
Eduardo: Tsc. Aí é foda
Parceiro de Osasco: que num vai ter mais show de rap aqui mais não, mano
Eduardo: Tsc. Toda mão essas fita aê, mano
Parceiro de Osasco: É foda
Eduardo: Quando será que os cara vão entender que é que é que os boy tão querendo memo é isso aí, mano?
Parceiro de Osasco: Embaçado, mano. Mas, aí, Eduardo, firmeza, é isso memo
Eduardo: Tsc
Parceiro de Osasco: Deixa no gelo essa fita aí
Eduardo: Firmeza, né, mano
Parceiro de Osasco: Falou! Um abração!
Eduardo: Falou, truta. É nóis
Parceiro de Osasco: Falou
[Esquete 2: Dum-Dum]
[celular toca 2 vezes]
Dum-Dum: Alô
Homem: Dum-Dum?
Dum-Dum: Isso
Homem: Ô, Dum-Dum. Firmão? Como é que tá aí?
Dum-Dum: Opa, firmeza... Quem tá falando?
Homem: É o mano do show de Minas, véio
Dum-Dum: Opa! E aí, firmeza?
Mano do show de Minas: Ah... Mais ou menos, meu
Dum-Dum: Por quê?
Mano do show de Minas: Porque, é o seguinte: ontem tava tendo um show aqui do Império Z/O..
Dum-Dum: Aham
Mano do show de Minas: ...e do Consciência Humana e... pá... surgiu uma treta aqui e um cara morreu, cara
Dum-Dum: Vish
Mano do show de Minas: Tendeu?
Dum-Dum: Pode crer
Mano do show de Minas: Polícia fechou tudo aqui e já era, num vai ter mais nada
Dum-Dum: Não vai ter o quê? O nosso show?
Mano do show de Minas: Nem o de vocês, nem o de ninguém – a casa tá fechada, véio
Dum-Dum: Eish, mó treta
Mano do show de Minas: Tendeu?
Dum-Dum: Não, firmeza
Mano do show de Minas: Liga a rapa aí
Dum-Dum: Firmeza. Firmeza. Vou dar um salve nos mano!
Mano do show de Minas: Firmão?
Dum-Dum: Firmeza
Mano do show de Minas: Firmão!
Dum-Dum: Fi-Fica na paz aê, mano
Mano do show de Minas: Fé em Deus
[Saída: Dum-Dum]
Cuzão de gravata, Cartier e Chrysler
Tá com o cu na mão
Sabe que a nossa música revoluciona
Traz a auto-estima
Abre o olho do povo
E coloca no alvo os verdadeiros criminosos do Brasil
Interessa, e muito, nossa extinção
O nosso silêncio seria muito conveniente
Aí, nós, rappers, tamo honrando a missão
Fazendo o papel do tumor maligno:
Eles censuram um, vem outro e aperta a mesma tecla;
Eles matam um, nasce outro com a mesma ideologia;
Sem generalizar, sem julgar, só aconselhando
Tem muito mano em cena que não entendeu a importância do hip hop
Rap não importa o estilo, a quebrada, o cantor
É a música da favela
É a voz do mais sofrido
Do sem voz...
Aliás, é a sua voz!
Voz que você cala quando transforma em faroeste ou ringue de vale-tudo
O nosso espaço
O espaço conseguido com sangue, suor e lágrimas
O maluco de boné, calça larga
Não é seu inimigo só porque mora em outra área
Só porque pisou no seu pé
Ou porque curte outra banda
Na rua, a paz é quase impossível
Mas no hip hop só depende de você