Facção Central
Aperte o Gatilho Por Favor
[Verso 1: Eduardo]
Aí, Deus, manda o gambé furar meu coração
Sou imune a qualquer clínica de desintoxicação
Cansei de ser instrumento da voz do diabo
Que nos dias das mães da sofrimento embrulhado
Se pá na autópsia a ciência ache um antídoto
Um anticorpo contra o vício no meu metabolismo
Pelo o menos enterrando no mato meus ossos
Em outro seculo viro estudo de arqueólogo
Não honro quem me deixava na creche sete horas
Pra lavar porcelana chinesa no Jardim Europa
Hoje quando meus irmãos tiram dez na prova
Eu faço jus a patente dos hooligans por drogas
Vão dar ordem na linha de montagem de fábrica
Gato persa, filha aos quinze dançando valsa
Vão ter cabelo branco, tapete de urso panda
Eu vou comer lixo e eles trufa italiana
Olham pra mim como se eu fosse extraterrestre
Esquelético feridas na pele tipo mostro de filme trash
Deveria ser tombado o patrimônio do bairro
Sirvo pra mãe mostrar pro filho o fim do caminho errado
Na crise de abstinência nem camisa de força
Corta os pulsos com gilete quebra a casa toda
Deus, se não quiser um enforcado no lustre
Manda o gambé escrever civil na minha testa com a Uzi
[Refrão: Eduardo]
Deus, aperta o gatilho termina logo com isso
A morte é a unica clínica pro meu vício

[Verso 2: Eduardo]
É muito fácil me julgar com o rabo cheio de shiva
Sem o fantasma da droga em nenhum membro da família
Quem você quer morto na cela do presídio
É doente, diagnóstico: dependente químico
Doença que não discrimina cor nem classe
Contamina no barraco também no iate
Queria tá com a minha mina no cinema
Não ser a voz que aterroriza no telefonema
Tar empregado dando entrada no Vectra CD
Mandando o boy se fuder com seu Cartier
A sensação mais forte é quando o efeito passa
Quando se lembra da faca enfiada em dona de casa
Sente o cheiro de quem, a cinco dias não toma banho
Se ver despenteado vestindo qualquer mulambo
Nessa hora olho no espelho e não tem ninguém ali
Só vejo um defunto olhando pra mim
A vontade de usar vence a vontade de viver
Não existe mais moral atitude, procedê
Qualquer quintal que tiver um tênis já vale
Cego, louco enfrento atá Rottweiler
Não queria acabar amarrado com varal
Com os traficantes me afogando numa bássia por um real
Despencando meu cadáver na parede em cimentado
Minha mãe eternamente com o cartaz me procurando
[Refrão: Eduardo]
Deus, aperta o gatilho termina logo com isso
A morte é a unica clínica pro meu vício

[Verso 3: Eduardo]
A campanha da TV me mostra como burro
Que na escola vai repetir, ser mau aluno
Em nenhum comercial, cuzão publicitário
Me expõe como vítima do tráfico
Aqui só é humilhado o pobre que usa droga
Nunca o boy dono da plantação de coca
A lente não faz foco em condutor de Maranello
Com personal trainer endereço em Campo Belo
Filma aí o gambé trazendo crack pra eu vender
Recendo divida com moto e DVD
Governo omisso mete areia com campanha falsa
Que resulta em carne envenenada no seu cão de guarda
E vou ser asfixiado com gás que sai do forno
Pra eu trocar por 5g seu vinho do porto
Se viciado é criminoso, tá tudo perdido
Tratamento clinico não é choque no distrito
Com o meu pinto eletrocutado, eu não vou ser recuperado
Vou entrar 16 e sair 121 graduado
O moleque com a cola do lado do chafariz
Só incomoda quando tá com a PT no seu nariz
Sem forção acadêmica entendo a metamorfose
A criança hoje com éter, amanhã o ladrão com a nove
Deus, mata o filho do politico de overdose
Pra nunca mais um orar pro Senhor pedindo a morte
[Refrão: Eduardo]
Deus, aperta o gatilho termina logo com isso
A morte é a unica clínica pro meu vício