Piruka
Anjos Não Falam
[Letra de "Anjos Não Falam"]

[Verso 1]
Hoje acordei com pensamentos suicidas
Numa das mãos uma pistola
Na outra, fotos das minhas filhas
A sociedade ensina-te a ter duas vidas
A que tens e a que disfarças por não teres a que querias
Só mais um comprimido, insónia não me larga
Sou seguido por milhares, mas sou eu quem os afasta
A maioria vê os carros, o ouro, e a casa
A minha família vê o André sempre com o pé na estrada
Como é que eu explico às pequenas que o pai tem problemas?
Por isso é que nem sempre as recebe com um sorriso
A minha agenda traz-me algemas, eu vivo preso a ela
E à pressão de ter que me sentir bem sucedido
Recebo chamadas do bairro, mais dinheiro, mais ajuda
E eu ajudo porque parte de mim ainda lá vive
Ou talvez ainda faça p'ra alimentar a farsa
De os tentar convencer que ainda sou humilde
Não distingo quem me odeia de quem ama, quem me queima
De quem chama, eu vou vivendo em fogo posto
Oiço a voz da minha velha a dizer que eu 'tou um homem feito
E eu nem me sinto de carne e osso
Mas é nela e nas minhas filhas que eu penso
Quando algo me convence a aproximar do precipício
Ouve, esta depressão a mim não me vence
Porque eu sei que em cada amanhã existe um novo início
[Refrão]
Encontra-te comigo a meio da ponte
Diz-me que o nevoeiro esconde o horizonte
Que me ajuda a entender o que eu faço aqui
É que anjos não falam, mas ouço-os a chamar por mim
(Por mim, por mim) Por mim (Por mim, por mim)
Encontra-te comigo a meio da ponte
Diz-me que o nevoeiro esconde o horizonte
Que me ajuda a entender o que eu faço aqui
É que anjos não falam, mas ouço-os a chamar por mim
(Por mim, por mim) Por mim (Por mim, por mim)

[Verso 2]
(Hey) E eu também tenho dias que ao chegar em casa
Tenho de enxugar a lágrima e dizer: "Cheguei"
Pouco consegue entender o peso da minha cara
Mas conseguem falar do que eu conquistei
Ou se falar em depressão, penso: "Será isto, ou não?"
Ando a viver com máscaras diariamente
Porque homem que é homem chora, e a vida não colabora
Mostro-me vivo por fora, a morrer por dentro
Se trabalhamos por dinheiro, o meu trabalho dá dinheiro
Porque é que hoje há dinheiro e eu sinto um vazio?
Eu sempre quis ser o primeiro ,e quando me vi em primeiro
(Huh) O meu sonho ruiu
Eu penso: "O que é que eu faço agora?"
Sinto o meu país nas costas
À espera de uma falha ou do ser perfeito
Tu vives a vida que querias e agora dizes que não gostas
Porque eu amo a música, mas fama odeio
Eu fiz a cama em que me deito, eu sei
Se errei, tinha dificuldades em ver os meus defeitos
Mas agradeço e não me queixo, e o homem que me tornei
Tornei-me num pai de família com balas ao peito
E eu acordo com pensamentos suicidas sempre
Graças a Deus há quem me afaste do precipício
Ouve, esta depressão a mim não me vence
Porque eu sei que em cada amanhã existe um novo início
[Refrão]
Encontra-te comigo a meio da ponte
Diz-me que o nevoeiro esconde o horizonte
Que me ajuda a entender o que eu faço aqui
É que anjos não falam, mas ouço-os a chamar por mim
(Por mim, por mim) Por mim (Por mim, por mim)
Encontra-te comigo a meio da ponte
Diz-me que o nevoeiro esconde o horizonte
Que me ajuda a entender o que eu faço aqui
É que anjos não falam, mas ouço-os a chamar por mim
(Por mim, por mim) Por mim (Por mim, por mim)