Valete
Nossos Tempos
[Letra de "Nossos tempos"]

[Verso 1 - Valete]
Abro o meu olho de repórter e logo analiso por dentro
Comportamentos destas gentes nestes nossos tempos
Geração humana, mano, em forma de esboço
Felicidade, eles dizem que depende do volume do teu bolso
Aí tenho que me insurgir, abrir a boca, reagir
Sou daqueles que nem têm bolso, mas que anda sempre a sorrir
Eu sei que só os volumosos é que vêem portas a abrir
E são bolsos volumosos que fazem mulheres mugir
Em tempos prostituição era sobreviver
Hoje as fêmeas vêem os pénis como um meio de enriquecer
Aviso-te que, sem poder, não vais foder nenhuma garina
Amor já não existe nem entre o pénis e a vagina
Em cada esquina vejo que o maior clube de fãs, é da heroína
Há anos que está no top de vendas e há anos que é multi-platina
Polícia faz a faxina, mas nunca vê nada de mais
Traficantes andam nas ruas tranquilos, sem olhar para trás
Amigos de hoje não se abraçam, concentram olhares
Confiança? Não, preferem contratos bilaterais
Não durmas, porque quando acordares não saberás onde estás
Em breve seremos minoria, somos heterossexuais
Esta verdade sagaz, eu dou-te em fotografias reais
Filhos de afro-emigrantes conhecem África pelos telejornais
Euro-negros segregados, já nascidos estereotipados
Também conhecem outras Áfricas à margem das cidades
[Refrão - Valete]
Fotografias das ruas estão na caneta destes poetas
Enquanto tu vives às cegas, levas e nem protestas
Este é o puzzle dos nossos tempos, os versos são as peças
Só mentes altas, abertas conseguem ver coisas destas
A verdade refundida está na boca desses profetas
Enquanto tu viveres às cegas, levas e nem contestas
Este é o piano dos nossos dias, as frases são as teclas
Só mentes altas, despertas conseguem ver coisas dessas

[Verso 2 - Valete]
Sem cautela, olhos lanterna de sentinela
Para fazer esta reportagem, eu só preciso de uma janela
Mais balelas, mais religiões, mais crenças
Multinacional catolicista está a dois passos da falência
Dá-se a sentença aos criminosos, mas não lhes tiram do crime
E é nas prisões a que eles garantem o diploma do crime
Cá fora a busca do prazer faz-me ouvir estranhos relatos
Mulheres brancas racistas agora só fazem filhos mulatos
Aos que chamas intelectuais, eu chamo malabaristas do plagiato
Os verdadeiros génios só podes ver em retratos
Isto é geração X, cérebros cheios de lacunas e falhas
Jovens rolam primárias, até escolas universitárias
Vão fazendo exames
Quebrando recordes do Guinness em gralhas
Não levam manuais para a escola, levam blocos de mortalhas
A TV que educa esses putos com Stallone e pornografia
Eles já não querem Toys "R" Us, querem casa vazia
Vejo o meu povo em euforia, arriscando vidas por uma orgia
HIV é o que todos temem
Mas é o que toda a gente desafia
O forte das massas é a ignorância
Por isso, eu não sigo a maioria
Ignorância branca, rapa o cabelo todo o dia
Muitas gargantas são Davids, até verem Golias
Como esses machistas de café que em casa mijam sentados na pia
Antes o que era bom valia, hoje o que é bom é ironia
Editoras não querem maquetas, elas querem a tua fotografia
[Refrão - Valete]
Fotografias das ruas estão na caneta destes poetas
Enquanto tu vives às cegas, levas e nem protestas
Este é o puzzle dos nossos tempos, os versos são as peças
Só mentes altas abertas, conseguem ver coisas destas
A verdade refundida está na boca desses profetas
Enquanto tu viveres às cegas, levas e nem contestas
Este é o piano dos nossos dias, as frases são as teclas
Só mentes altas despertas conseguem ver coisas dessas