Valete
Refugiados
[Intro - Valete]
Foda-se
Tu julgas o gajo porque ele é gay
E ele tem que de se comportar como se não fosse
Para não ser reprimido
Julgas o teu mano porque ele é excêntrico
E ele tem que de se comportar como toda a gente
Chamamos as nossas manas de cabras
Interferimos na liberdade sexual delas
E elas são obrigadas a auto reprimirem-se
Tu mesmo também tens essa necessidade
De teres isto e aquilo
Que conquistaste isto e aquilo
Porque sentes medo de ser rejeitado
Teres menos que os outros faz-te sentir inferiorizado
Faz-te sentir menor (tchh)
Tu também 'tás nesse baile de máscaras, mano
'Tamos refugiados em pessoas que não somos
Até tu seres elevado o suficiente p'ra aceitares cada pessoa como ela é
Com as suas diferenças
Com as suas singularidades
Vai falar de mudança p'ró caralho, negro
Vai falar de revolução p'ró caralho
Vai falar de liberdade p'ró caralho, man
Isto é o início de tudo
Como é que vamos ganhar esta guerra
Se somos todos refugiados? (man)
[Verso 1 - Valete]
Eu só queria ser eu
Dar-vos a minha espontaneidade
Materializar a liberdade que a minha mente fantasia
Trocar as leis da sociedade, pelas leis da felicidade
Com a minha carta da alforria
Mas vocês refugiados na ignorância
Oprimem a diferença e oprimem a minha independência
Julgam-me, com uma moral que nem é vossa
A moral que nos impuseram e que cavou a nossa fossa
E faz de nós essa massa domesticada
Que vive mascarada só p'ra 'tar incorporada
Eu sofro, quando sou como vocês
Escondo a minha n***z, vocês dizem que é sensatez
Não sei o que quero, nem sei p'ra onde vou
Quando 'tou refugiado nesta pessoa que não sou
Que vive a oferecer sorrisos e esforços adaptativos
P'ra 'tar bem no colectivo
Quando já não aguento refugio-me no meu quarto
Isolado de tudo pa' fugir do vosso contacto
E p'ra poder voltar a ser eu
Entre copos de vodka e a solidão que me desafoga
Depois saio à rua embriagado
Desta vez já desatado, eufórico e reanimado
Refugiado numa coragem momentânea
Celebro a infâmia da liberdade espontânea
[Refrão - Bónus]
Mano, aceita a diferença
Enterra o teu passado, entrega-te à renascença
Diferença é a coisa mais bela da natureza
Eleva-te como Homem vive a tua nobreza

Mano, aceita a diferença
Enterra o teu passado, entrega-te à renascença
Diferença é a coisa mais bela da natureza
Eleva-te como Homem vive a tua nobreza

[Verso 2 - Azagaia]
Nunca estiveste tão distante de ti próprio
Juras amor próprio, ao espelho és o próprio
Dás meia volta e fazes mal a ti próprio
A seguir culpas o mundo e te envenenas com esse ódio
Justificando os teus erros com os dos outros
Matando porque mil já foram mortos
Roubando porque houve roubos
É assim como loucos guiam loucos
Culpando a loucura que inocenta todos
Eu sou bom com os disfarces e vejo que também és
Eu finjo que eu sou eu e tu finges quem também és...
Esse, perfume, essa roupa, esses carros
E como de costume vou julgar-te por esse status
Quantos pretos condenados a falar como brancos
Brancos condenados a f... como pretos
Homens condenados a beber como machos
E na calada da noite a gemer p'ra outros machos
Quantos enforcados por gravatas 5 dias por semana
São vampiros a sugar garrafas aos fins de semana?
Quantos saem à rua, finos e civilizados
E em casa só falam com os punhos cerrados
E quando estiveres já coma cabeça inchada
A pesar uma tonelada, de merda não evacuada
Senta-te com os amigos, e vira uma garrafa
De absoluta hipocrisia e depois volta pra' jornada
[Refrão - Bónus]
Mano, aceita a diferença
Enterra o teu passado, entrega-te à renascença
Diferença é a coisa mais bela da natureza
Eleva-te como Homem vive a tua nobreza

Mano, aceita a diferença
Enterra o teu passado, entrega-te à renascença
Diferença é a coisa mais bela da natureza
Eleva-te como Homem vive a tua nobreza

[Outro - Valete]
(Yeah)
Refugiados
Somos todos refugiados em pessoas que não somos
(Podes crer)
Enterra o teu passado, entrega-te à renascença
(Enterra o teu passado)
Enterra o teu passado, entrega-te à renascença