Zé Ramalho
Eu nasci há dez mil Anos atrás
Eu nasci há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais, não
Eu nasci
(Eu nasci)
Há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais
Eu vi Cristo ser crucificado
O amor nascer e ser assassinado
Eu vi as bruxas pegando fogo
Pra pagarem seus pecados
Eu vi
Eu vi Moisés cruzar o mar vermelho
Vi Maomé cair na terra de joelhos
Eu vi Pedro negar Cristo por três vezes
Diante do espelho
Eu vi
Eu vi as velas se acenderem para o Papa
Vi Babilônia ser riscada do mapa
Vi conde Drácula sugando o sangue novo
E se escondendo atrás da capa
Eu vi
Eu vi a arca de Noé cruzar os mares
Vi Salomão cantar seus salmos pelos ares
Eu vi Zumbi fugir com os negros pra floresta
Pro quilombo dos palmares
Eu nasci
Há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais
Eu nasci
(Eu nasci)
Há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais
Eu vi o sangue que corria da montanha
Quando Hitler chamou toda a Alemanha
Vi o soldado que sonhava com a amada
Numa cama de campanha
Eu li
Eu li os simbolos sagrados de Umbanda
Eu fui criança pra poder dançar ciranda
E, quando todos praguejavam contra o frio
Eu fiz a cama na varanda
Eu tava junto com os macacos na caverna
Eu bebi vinhho com as mulheres na taverna
E quando a pedra despencou da ribanceira
Eu também quebrei e perna
Eu fui
Eu fui testemunha do amor de Rapunzel
Eu vi a estrela de Davi brilhar no céu
E praquele que provar que eu tou mentindo
Eu tiro o meu chapéu
Eu nasci
Eu nasci há dez mil anos
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais, não
Eu nasci
(Eu nasci)
Há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais, não
Eu nasci há dez mil anos atrás
Há dez mil anos atrás
Há dez mil anos atrás
Eu nasci, eu nasci, eu nasci
Há dez mil anos atrás
Dez mil anos, mil anos