Itamar Assumpção
Prezadíssimos Ouvintes
O novo não me choca mais
Nada de novo sob o sol
O que existe é o mesmo ovo de sempre
Chocando o mesmo novo

Muito pra-zer

Prezadíssimos ouvintes
Pra chegar até aqui
Eu tive que ficar na fila
Aguentar tranco na esquina
E por cima lotação

Noite
E aqui tô eu novo de novo
Com vinte e quatro costelas
O gogó, baixo, guitarras
Violão e percussão e vozes
Ligadas numas tomadas
Elétricas e pulmão

Já cantei num galinheiro
Cantei numa procissão
Cantei ponto de terreiro
Agora
Eu quero cantar na televisão
Meu irmão
O negócio é o seguinte
É pura briga de foice
Um jogo de empurra empurra
Facão, tiro, chute, murro
Chamam mãe de palavrão

Sorte
Não haver o que segure
Som
Senhoras e senhores
Mas quem é que me garante?
Hein, quem é que me garante?
Que mesmo esses microfones
Sempre funcionarão?
Sempre funcionarão?
Os microfones jamais falharão, hein?

Cantei tal qual seresteiro
(Sentimental eu sou)
Cantei paixão, solidão
(Eu sou demais)
Cantei canto de guerreiro
(Eu sei que sou assim e assim ela me faz)
E agora
Eu quero cantar na televisão
(Treze, onze, nove, sete, cinco, quatro, dois, TV Pirata, qualquer uma)