[Introdução: Nocivo Shomon]
Uo-ô-ow
Yeah-uh
Rap é o som
Yeah, yeah-uh
[Verso 1: Nocivo Shomon]
Enxergar, diferente de ver adiante
Quem é herói no morro: BOPE ou traficante?
Sangue no diamante, outro anel de brilhante
A beleza do marfim custa a dor do elefante
Por aqui virou moda, pop quer ser militante
Mas se a Coca pagar bem rima com refrigerante
Sou PT pra terapia, poesia pé no chão
Cada vez que compro um Nike eu lembro da escravidão
Mão de obra escrava, finge que não lembrou
Vou pagar o carnê da copa só pra gringo gritar gol
Rajada de flow, jhow, how, que deixa os bico de cara
Sem paciência de Gandhi pra ouvir falso Guevara
Aviso o que me seguir, é um passo pra perdição
Palavra virou comércio, negócio religião
Fiz inimigos eternos e amigos de momento
Querendo chuva de fama, sem um pingo de talento
Novela que enriquece, entorpece o pensamento
Cultura vazia que empobrece o movimento
Mensagem que muda vida, não só entretenimento
Vou trazer nessa balada uma dose de conhecimento
[Verso 2: Pelé do Manifesto]
Tipo Chris, cheguei odiado por todo mundo
Gritando que preto é foda, no pique de vagabundo
Guerra silenciosa, a mente igual trincheira
Meus verso viciando muito mais do que a biqueira
Eu não sou alicate, mas eu tive a visão
Cuidado que as hiena roba a caça do leão
A selva é muito louca, da floresta ao concreto
Uns vão fazendo merda, achando que isso é o certo
O Brasil é igualzinho, do sul até o norte
Ter força de vontade é diferente de ter sorte
Nós lota a favela e o sistema prisional
Que se foda a sua data e sua princesa imperial
Claramente hoje nós tamo em outras corrente
E é tipo Matrix, mano, prisão pra mente
A marca prende, o olho acende
Tu não enxerga, a alma vende
Quem não é e nunca entende
O rap é foda, então aprende
Que não se rende, se luta até o fim
Poeta igual Sérgio Vaz, ouvindo os sons do Tim
Mudança, os bico odeia essa palavra
Tipo vampiro no sol em cada letra que nóis grava
No buso lotado, ouvindo piadinha
Exprimido e pensativo, era assim que a gente vinha
Mochila nas costa, cansaço do trabalho
Na mente aquele sonho e uma rima do caralho
É agora parceiro, é agora, não tô à toa
Por mim, por ti, pelos preto, pela coroa
No corre sim, mas não por medalha e pódio
Alguns cantam amor mascarando o próprio ódio
Humanos, um poço de contradição
Quem fez a democracia não aboliu a escravidão
No meio da Babylon eu vou fazendo um som
Com luz na caminhada sem precisar de xênon
Enxerga sem luneta, faz balançar o planeta
E se o ego inflar nóis estora com a caneta
É tinta nuclear, é bomba nos falante
Cuidado que o futuro do carvão é o diamante
E antes que eu me esqueça, meu verso é corrosivo
Eu faço meu protesto e o manifesto é nocivo
[Verso 3: Nocivo Shomon]
Esse é o Brasil, tio
Que não pega nem no tranco
Me diz quanto dinheiro que tá no ódio dos branco
Puma, Nike, Adidas, nóis usa e não engana
Sou parte do capital, mais um dependente de grana
Trabalho pro meu consumo, visto o que eu quiser
Não vão dizer qual marca que devo usar no meu pé
Somos um problema pro sistema falido
Que prostitui sua filha e fabrica bandido
Gigante adormecido que já não acorda mais
Somos fortes no protesto só em redes sociais
Pecados capitais, serpentes na serpentina
Cannabis incrimina, libera mais nicotina
Coca, cafeína, no fim tudo é veneno
Igual radiação da TV desde pequeno
Reclama do que bebo, reclama do meu beck
Vou queimar a Babilônia e pedir um Big Mac
Click-clack, proibido proibir
Pra nóis a resistência é uma forma de evoluir
Sem lobby pra nobre, cara de pobre aqui notória
Cansei de me humilhar pra ter que passar na giratória
Escola esquece o índio até no livro de história
Nóis que fuma um fino, eles que perde a memória
A TV investe e veste em fantasia
E só quando convém aplica a filantropia
Ritmo e poesia, preto e branco também sou
Sangue de nordestino, de São Paulo morador
As cores se unindo é lindo, Sabota mostrou
Que o talento e a humildade não separa pela cor
Favela chorou, ow
Vejo vidas na correnteza
E a água que alagava hoje falta na represa
Mente pra refletir, o ego pra deturpar
Respeito vai se perder enquanto prego se achar
Desencanado de diss, e antes de me julgar
Lembra que brecar as diss não quer dizer se calar
O ódio não é o caminho, quero amor pra agregar
A cor da pele pra muitos: motivo pra odiar
Sangue pra se entregar, pregar desunião
Odiando outra raça um verme varreu nação
Judeu de monte morreu, nazista praga do cão
Não fez o povo judeu querer matar alemão
Enquanto a cor importar mais que o brilho no olhar
Haverá injustiça e guerra pra escravizar
[Verso 4: Pelé do Manifesto]
Dos livro de poesia aos verso do dia a dia
Sagaz, trago a perifa na caligrafia
No peito um bom menino, na mente um homem feroz
Um rosto desconhecido, mas geral pira com a voz
Ideia talibã, nos fone paz e clareza
Riscando até e manhã, eternizando a beleza
Cheguei na função, boladão
Com letra e refrão, sem perder a essência
Focadão, mais veloz que avião
Trago no coração dose de consciência
Pro mundão de ilusão em decomposição
O que eu faço é uma indecência
Pros irmão de missão, só o rap em ação
Trago o verso com inteligência
Pancadão, meus verso bate na cara
Mostra que a gente tá vivo pois o rap nunca para
Protesto no Facebook, mas sabe qual é que é
Muito charlatão quer ser Chico Xavier
No corre a cremação, conecta Cangaíba
Uns chamam de negão, outros de Paraíba
Nortista ou nordestino, o orgulho tá no peito
Cada letra é um tiro na cara do preconceito
Como disse Renan: "Fui atrás do meu sonho"
Fazer geral pirar em cada letra que eu componho
Mostrando evolução, cantando com o coração
Cansei de ver os meu verso mofando na construção
Tijolo e decepção, cimento e solidão
Mostrou que a vida é foda pra viver de ilusão
Não vim pagar de sofrido, todo mundo tá no corre
Mais depois da ressaca vi que a essência nunca morre
[Saída]
Na quebrada, fugindo das achada
Sistema cilada, mulheres, Chandon
Na calada a vida não vale nada
Resgata a mulecada, rap é o som
Na quebrada, fugindo das achada
Sistema cilada, mulheres, Chandon
Na calada a vida não vale nada
Resgata a mulecada, rap é o som