Nocivo Shomon
Pétalas do Adeus
[Verso 1]
Eu sempre lembro na vida passageira
Dona Selma na selva, sagaz e guerreira
Sozinha na trincheira, uma criança nos braços
E as flores que escondiam os corações de aço
E no compasso eu sigo lembrando
Hora da escola e ela me acordando
Tiro certeiro, derruba sem cano
Quando a morte vem, ela não vem por engano
Mudança de plano, o mano revoltou
Ela partiu e nunca mais voltou
E qual o peso que tem a saudade?
Perder alguém que te ama de verdade
Será que ainda temos tempo pra sorrir?
Tempo passou e eu não vi essa dor passar
Dona lembrança conseguiu ferir
Como eu queria poder te abraçar

[Refrão]
E outra vez a chuva na janela
Lembrei dela, lembrei dela
Quando a saudade invade, o peito gela
Lembrei dela, lembrei dela

[Verso 2]
Fotografia registrou nossa amizade
Nóis era o bonde que acordava a cidade
Quando Magrão ganhou a liberdade
Era Natal, luzes na comunidade
Família reunida, festa natalina
Um carro sem freio, sangue na esquina
Tua mina em prantos, velas pro velório
E quantas vezes a rua foi escritório
Um trago no cigarro, pede outra bebida
Cena que por nós jamais serão esquecidas
Tentei fugir, mas a alma sem trilho
Como consolar um pai que perdeu o seu filho?
Olhares sem brilho, andarilho da terra
Sou rajada de amor onde só vende guerra
Vê se me erra, reconheço meu erro
E no enterro não importa a cor do caixão
Lágrimas iguais salgadas no chão
E como sangue, a chuva lava a calçada
Outra família tendo a sua fé testada
E ela lembrou dele nessa madrugada
A solidão dá um tempo e vai saindo
Mas a solidão é teimosa
Somos a carne do espinho caindo
Chorou o cravo que perdeu sua rosa
Diversa e prosa, palavra poderosa
E as pétalas do adeus, uma flor perigosa
Sem teu abraço, estoura, perde o contexto
Talvez seja minha última mensagem de texto

[Refrão]
E outra vez a chuva na janela
Lembrei dela, lembrei dela
Quando a saudade invade, o peito gela
Lembrei dela, lembrei dela