Jards Macalé
Estropício
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 13ª Vara da Família da Comarca da Capital São Paulo
Desventura Martírio Calvário da Cruz, brasileiro, casado, operário, portador da cédula de identidade RG 3 vezes 13 de São Paulo, residente domiciliado na Rua que Sobe e Desce e o nº por favor vê se esquece, representado neste ato por sua advogada que esta subscreve, vem mui respeitosamente à presença de V. Excia., requer separação de corpos como medida cautelar preparatória, nos termos de artigo 13 de código civil e artigo 13 da lei nº 13.13 de 13 de abril de 1900 e nada, contra Estropício Flagelo Esquizo Lunática Coroa de Espinhos, portadora da cédula de identidade RG mil vezes 13, passando a expor de forma clara e inequívoca através do consagrado compositor, cantor e arranjador da música popular brasileira, Jards Macalé, pois dada a gravidade do assunto ofereceu-se gentil e espontaneamente, para interpretar esse desabafo, no lugar do Sr. Desventura. Como o próprio nome diz, não sabe cantar. Eis os fatos e fundamentos Excia.:

(Abre a porta que eu vou dormir no vizinho!)
Quando já é madrugada
Quando já é madrugada
Mexe no trinco da porta
Eu dormindo sossegado
E você chegando torta
(... [?])
Penso ser troço mandado
(... [?])
Pois a coisa anda solta
Desmilinguida na escada
Suplício da ... [?]
(... [?])

Você parecia outra
Estava doida varrida
Farrapo, trapo, danada
Esparramada, caída
(... [?])
Tendo que ser carregada
"O que que faço com isso?"
Perguntava enquanto olhava
Para você, Estropício
Que gemia, delirava
(vou quebrar tudo!)
Que gemia, delirava
(Abre...)
De palhaçada já chega
Muito à troco de nada
Sou eu quem segura as bombas
Quando você xinga os guardas
(Abre a porta...)
Amanhece com ressaca
Não consegue abrir as pálpebras
Umas nas outras coladas
Parecendo que tá morta
(Abre a porta, abre)

Parecendo que tá morta
Passou da medida, chega
Transbordou o copo d'água
(Amor, amor!)
Pra que que quero quem chega
Quando já é madrugada
Acordando o mundo inteiro
Vomitando na calçada
Pra que quero, quem chega?
E já não presta pra nada
(... [?])
(- Vamo para issoi aí se não vou chamar a polícia!)
(- Eu tô legal, abre a porta!)
Quando já é madrugada
Mexe no trinco da porta
Eu dormindo sossegado
E você chegando torta
(... [?])
Como V. Excia. pôde constatar à bem da verdade, acrescento à esse argumento convicente, e magistralmente cantado, o seguinte:
Dessa união nasceram muitos filhos, o requerente pleiteia que V. Excia. determine que a requerida deixe o lar conjugal face ao seu comportamento até porque, a separação de corpos como medida preparatória de desquite é de ser antes concedida do que negada, rquerendo a procedência da ação e dando causa e valor de muitos dólares por dar samba, pede deferimento
Justina Justiniana Justa Divagando Legal de Nascença -
UAU União dos Advogados Universais