Amália Rodrigues
Retrato do Poeta
[Intro: Ary dos Santos]
Retrato de um poeta

[Verso 1: Ary dos Santos]
Porém se por alguém não sou ninguém
se canto e digo, flor, canção, amigo
a mim o devo. A mim e a mais a quem
floriu nasceu cresceu, lutou consigo

[Verso 2: Ary dos Santos]
Homem que vive só não vive bem
morto que morre só é negativo
morrer é separar-se de ninguém
e contudo com todos ficar vivo

[Verso 3: Ary dos Santos]
Nado-vivo da morte. É isso. É isso
Uma espécie de forno de bigorna
De corpo imorredoiro que transforma
Em fusão o metal do compromisso
Forjar o conteúdo pela forma
marrar até morrer. E dar por isso