Drik Barbosa
Silêncio
[Verso 1: Projota]
A vida continua só não sei pra onde vai
Ela acelera e banzai
E eu digo don't cry nosso povo precisa da nossa voz
Até o final desse rap morrerão mais dez de nós
É nossa sina, nosso carma, como os ancestrais
Se a vida ensina uma morte ensina bem mais
Mas se o conhecimento depende da perda e da distância
Eu preferia poder seguir na ignorância
Poucos homens são reis, todos os homens são réus
A odalisca te conquista, sem descer os véus
Enxergue através desse luxo e o lixo verá
Comporte-se então como bicho e um bicho será
O plano é dividir a terra pros irmãos
Mas sempre fica cego o lavrador que traz os grãos
Entre dividir e assim ficar, ou iludir e triplicar seus grãos
Nasce a corrupção e lavam-se as mãos
Quando lutarmos nessa guerra unidos de fato
Seremos Legião Urbana mesmo sem Renato
Façamos um trato, devolvam nossas vidas, e eu me calo
Neguim pega as arma no mato

[Refrão: Drik Barbosa, Projota]
Silêncio, diz a placa do hospital
Na UTI o nosso mano tá mal
E eu mereço mais, bem mais
Que o silêncio que diz a placa do hospital
Me permita dizer que eu mereço mais, bem mais

[Verso 2: Projota]
Calem-se, falem-se imprescindível for
A indefinível cor do indestrutível rancor
Impossível ser melhor se o pior que existe em nós
É canalizado, entubado pra ser atirado contra os boys
Vão, quatro pretos em um chevette
Mãos pra cima se repete
Perna aberta, coronhada joelhada
Teti-a-teti pega nada
Encomenda chegou hoje de manhã de mobillete
Você já sonhou com tudo e acordou com nada?
Forjei meu próprio escudo, contra a minha própria espada
A imagem do meu povo é uma tia cansada, calejada
Dessas que cê logo vê tem cara de empregada
Terra dourada, ó pátria amada mãe gentil
Escondeu tanta merda que a privada entupiu
Se transformou num rio de fezes
Essas fezes são arremessadas contra o próprio povo
Que te construiu
O fazendeiro desconhece o nosso tamanho
Já tá na hora da revolta do rebanho
Agora é nossa vez, os moleque tão na sede
Pra cobra e eu não queria tá na pele de vocês

[Refrão]