Vitorino
Poema
Alguma coisa onde tu parada
Fosses depois das lágrimas uma ilha
E eu chegasse para dizer-te adeus
De repente na curva duma estrada

Alguma coisa onde a tua mão
Escrevesse cartas para chover
E eu partisse a fumar
E o fumo fosse para se ler

Alguma coisa onde tu ao norte
Beijasses nos olhos os navios
E eu rasgasse o teu retrato
Para vê-lo passar na direcção dos rios

Alguma coisa onde tu corresses
Numa rua com portas para o mar
E eu morresses
Para ouvir-te sonhar