Dillaz
Lábios Para Cima
[Intro]
Apenas um rosto duro de quem constrói a estrada
Porque há de caminhar pedra, após pedra em terreno difícil
(...)
Com muita coisa fiz, o meu poema

[Verso 1]
Eu sinto aquilo que sentias nos momentos de esforço
Pinturas, caricaturas não passavam do esboço
O poço secou-se
Doces momentos por lá passei
Com uma fisga lá no mato ou nas cabanas que eu montei
Em pedras me sentei, o mar eu avistei
Para o olho 'tar aberto por experiências eu passei
As horas que contei, minuto após minuto
Corria não me cansava, um gajo ainda era puto
Lembro-me daqueles momentos que de guita 'tava mal
A barriga 'tava bem e era esse o essencial
Quando a minha mãe gritava porque me portava mal
Perdido e iludido no meu mundo, o quintal
Na escola era bola, eu nunca quis ser doutor
Já na primária ensinava armadilhas ao professor
Para o bem, um amor
Para o mal, um traquina
Nos intervalos com o Eddy sempre a apalpar as meninas
Eu hoje abro as cortinas e vejo a bazar amigos
O que hoje são picardias ontem foram castigos
Eu já passei por perigos, com os meus tropas tanta cena
Que mesmo que desiludam quebrar laços tenho pena
Quinzena após quinzena vejo a vida meia surda
A morte de uma estrela ensinou-me que a vida é curta
A vida é muita rápida, sem tempo para agir
Pois sempre que te levantas sabes que cais a seguir
[Refrão]
Mete os teus lábios para cima
Quebra a barreira que te fecha o caminho
Mostra o sorriso a quem precisa não vivas sozinho
Cultiva aquilo que um dia te vai dar carinho
A vida é facil de viver se tiveres um vizinho

Podes achar e viver a vida numa ânsia
Quantos pensam como tu e saem de ambulância
Podes até fingir, mas lá à frente cais
Podes até partir, mas diz para onde vais

[Verso 2]
Ontem tinha a tua idade, hoje cresci um bocado
Os anos vão se passando e continuo desvairado
O tempo que foi passado era outra brincadeira
A derrapar e a saltar até acabar em choradeira
Porque a vida é uma lareira que mantém a chama viva
Do Zamba p'ra Madorna era outra perspectiva
Zambujeiro, grande terra, vitórias e derrotas
Madorna era só gandins mas também tinha lá tropas
Tu topas o que eu sentia dividido a meio
O vento leva o pensamento
E o tempo leva o recreio
Só a minha mãe atura altura do meu desvaneio
Olhado sempre fui, mau olhado também creio
Sou M de Madorna, prefeitura e preconceito
Aquela terra que eu não cago e trago no peito
No meio da velha guarda só brincava com uma bola
A esses agradeço seja nova ou velha escola
Porque a vida desenrola o novelo
Por vezes coça-te o pêlo
E o teu destino tu só tens de fazê-lo
E se eu te deixo um apelo
Tua persona faz fita
Com regras mais rigorosas que a régua da Dona Zita
Porque a vida é uma fachada, mas para quem é fantoche
Muitos têm a vida agarrada, mas só faz toca e foge
Deixa a tristeza veloz, que te baixa a auto-estima
Vê um puto risonho põe os teus lábios para cima
[Refrão]
Mete os teus lábios para cima
Quebra a barreira que te fecha o caminho
Mostra o sorriso a quem precisa não vivas sozinho
Cultiva aquilo que um dia te vai dar carinho
A vida é fácil de viver se tiveres um vizinho

Podes achar e viver a vida numa ânsia
Quantos pensam como tu e saem de ambulância
Podes até fingir, mas lá à frente cais
Podes até partir, mas diz para onde vais