Xeg
Sagitário (LP 2012)
(Onde é que estás?)

Vinha de longe embrulhado num cobertor, pequeno
Cavalo manso, pele malhada bicolor, era uma oferta e o
Rapaz estava radiante, recebeu-o com o amor de um pai
Principiante, dava-lhe leite e com deleite dormia com ele
Dava-lhe banho e com empenho escovava o pêlo, e passo
A passo foi-lhe ensinando tudo o que a custo aprendera
Sobre este mundo absurdo, sobre sobrevivência, regras
De convivência, perigos, advertências, queria sobretudo
Ensiná-lo a ser livre tendo em conta isto tudo, ou seja, a
Voar sozinho, mantendo as patas no mundo, tornaram-se
Iguais, homem-bicho, bicho-homem, tal e qual na
Harmonia e na desordem, a metade animal como o lobo ao
Lobisomem, rapaz e cavalo fundem tanto quanto podem
Ambos gostavam de passar tempo sozinhos, (era) comum
Desaparecerem por alguns dias seguidos, a transgressão
Era atraente e o desafio à autoridade trazia conflito se
O bicho não tinha vontade de seguir o caminho que o
Menino lhe apontava ou insistia que o destino o queria
Noutro lado, tal e qual ele já vira no rapaz habituado a
Dar o grito do Ipiranga para não ser contrariado, ficavam
Amuados, davam turras e patadas, de costas voltadas até
Que um deles voltava...e parecia que ia voltar sempre...
Cavalo jovem pensa que é dono do mundo, tem a atitude
De quem quer seguir seu rumo, romper as rédeas e ser
Como um vagabundo, aventureiro que não pensa no futuro
E orgulhoso decidiu ser independente, virou a esquina e
Perdeu-se de toda a gente e indiferente a sorte não o ajudou
Se alguma vez quis voltar atrás nunca chegou, o rapaz
Despedaçado procurou por todo o lado a sua metade, ele
Esperou esperançado, fez de tudo, correu mundo e ficou
Cansado, sem a outra parte, ele chorou...o cavalo quis ser
Livre, tomou a iniciativa, sendo Pégaso é feliz, voa como
Sempre quis, mas eu sei que ele espera pelo rapaz que em
Terra seguirá para sempre a estrela que o trouxe até aqui
Eu sei que ele espera pelo rapaz que em terra seguirá para
Sempre a estrela que o trouxe até aqui
Refrão

O sagitário tem quatro patas no chão, homem-cavalo aponta
Ao céu com ambição, no planetário é uma constelação
Mas na verdade é a metade de um coração