​xtinto
Odisseia
[Verso 1: xtinto]
Puta de vida que me encara com cara de enterro devo
Deixar este enredo cedo, escrevo enquanto bebo, tremo
Tipo tenho Parkinson, juro que venho em paz enquanto
Duro neste parque insano escuro
Mas puto apuro o meu sentido puro, combalido furo
Cada sentimento rude
Eu nunca senti menos tudo
Eu só sento e vejo o mundo
Só penso e beijo o fundo
Da garrafa em que me afundo
A fundo no fundo
Sou só um defunto
Rodeado de carpideiras
Lágrimas de crocodilo
Embriagado e sem maneiras
São lástimas deste asilo
Sátiras enchem o Nilo
Onde abasteço o meu cantil
E no meu canto arranjo mil
Maneiras de estar tranquilo
'Tou vil e sou um mano cansado
Com o meu antepassado
Mano eu ando passado
Mas eu mando o passado
Ir passear um bocado
Tenho vivido algemado
E há muito segredo guardado
[Refrão: André dos Santos & Rui Rosa]
Sigo a rota, sem ter medo
Pelo mundo da Odisseia onde me vou perder
Nunca vou parar, sem ter horas
E eu sem saber se voltarei de onde parti

[Verso 2: Dez]
Tenho uma divida divina com Deus
É uma dádiva, dada a vida levada
Dividida com os meus manos
Vamos! Tinha tantos planos bacanos
Mas uns bazam e outros ficam
E nem explicam o porquê da decisão
É que nem precisam de explicar com precisão
Para ser preciso só preciso de justificação
Ando ver se fico são, então não bafo
E desabafo com o meu cão, mas é ficção
Porque eu vi-te cão a seguir o rumo
Agora fumo um maço a ver se te faço sinais de fumo
Para te pedir desculpa, mas amasso o maço
Quando vejo que não resulta
Deus levou-te sem consulta, tu ainda deste luta
Naquela marquise e eu marco isso como culpa
Bazaste de improviso manda o sorriso de catapulta
Só espero que Deus esculpa o teu rosto
Nas estrelas de Agosto e recebas o suposto pedido de desculpa
[Refrão: André dos Santos & Rui Rosa]
Sigo a rota, sem ter medo
Pelo mundo da Odisseia onde me vou perder
Nunca vou parar, sem ter horas
E eu sem saber se voltarei de onde parti

[Verso 3: xtinto]
Aponta na ardósia que eu como da Ambrósia e não morro
'Tou sempre no solstício, a noite é o meu vício
É quando eu cuspo fogo
Brusco puxo o luxo do lusco fusco até ao lodo
Na tourada, alvorada do ócio
Alma notívaga, adeus equinócio
Calma equívoca nunca fui pródigo
E a tua mandíbula deixa-me sórdido
E há coisas que o passado não conta né?
Não percebo ponta Zé
'Tou sem medo do enredo e corro tudo a pontapé
Morro juro a cada tiro que atiro contra o meu pé
Mas se a vida é improviso, aviso que eu duro bué
Vivo a vida ao contrário em contra-mão no rodapé
Na rima revolucionário até já me chamam de Ché
Guevara prepara a metralha dispara esta querida
Repara que a minha tara é mesmo matar a batida

[Verso 4: Dez]
Perguntei ao tempo quanto tempo tenho
Mas não me contento porque o tempo disse:
"Que nem tempo tenho para isso"
Desenho de improviso um sorriso imaginário
Otário, burrice desenhei isso ao contrário
Tenho estado neste estado estacionário
Ando por cá e por lá, nem tenho dó, ando à ré com um nó
Porque o rap é tipo pó porque eu gosto disto
Só que aposto que isto não foge com quimio
Agora transpiro e inspiro inspiração das estrelas
As telas mais belas do universo são elas
Onde eu vejo o mundo em verso
Tão nunca quis o mundo inverso não
Prefiro esta versão, senão faço a conversão
Agora a rota é marroquina, moca na rotina
Escarlate à volta da retina
Magoa transborda da tina que se acomoda na borda da ferida que incomoda, não esperes que finja!
[Refrão: André dos Santos & Rui Rosa]
Sigo a rota, sem ter medo
Pelo mundo da Odisseia onde me vou perder
Nunca vou parar, sem ter horas
E eu sem saber se voltarei de onde parti

[Outro: xtinto & Dez]
Foda-se mano 'tou cansado
Me'mo
Esta viagem matou um gajo
Cansou p'a caralho
Mas olha valeu apena
Ya ya
Acho que a gente cresceu
Pah temos que fazer isto mais vezes man, p'ra próxima
Temos que combinar já uma próxima mano
Acho que um gajo aprendeu bem aqui
Os pastéis de bacalhau 'tavam muito bons
É não é
Para a próxima não pode falhar
Vá puto fica bem
Vá mano olha, é isso, porta-te
Olha não te esqueças da tua beat tape
Ah ya ya ya, vá fica