Victor Xamã
Flores Artificiais
[Verso 1: Romulo Boca]
Abre-te Sésamo, um novo tempo, um novo êxodo
Trazendo angústia igual gatilhos no escuro
O curador da nova aurora horrenda ao repetitivo
É quem vos canta
Meu linguajar é vasto nessa multa
Putas, disfarces e Holocenos
Bem-vinda a nova safra de reis obscenos
De falsos acenos, de letais venenos
E de sonhos em seus leitos pequenos
Exijo a parte da discórdia dilatando sua córnea
O efeito contra corja forja a raiva que entoja
Os trovadores e os trovões, as cruzes e cifrões
Os falsos em seus pódios, os viscerais em seus porões
Quem fode sua manada ditando, assim, os seus padrões?
Quem anda romantizando os seus desertos, seus colapsos?
Lápis em lapsos pra por pra perto
O que tu esquece quando dorme ressentido
E acorda deprimido, engula essa letra, tome seu comprimido

[Refrão: Victor Xamã]
Opiniões divergem e nas fachadas quebra a culpa
Ya ya ya
Raízes bifurcadas enterradas no concreto
Ya ya ya
[Verso 2: Victor Xamã]
Preciso organizar minha vida adulta, mano
Entre escolhas certas, erradas e avulsas
Se sua mãe a batizou com vida
O mundo apelidou de morte por tentar fugir à regra
Agora qual é o plano?
Entre assombros e desejos da cidade
Protegido é quem tá fora ou dentro das grades
Um curador ferido nessa jovem face
Costumes predatórios nesse habitat
Dinheiro e poder, aqui palavras-chave
Escolha uma dessas, tuas multifaces

[Refrão: Victor Xamã]
Opiniões divergem e nas fachadas quebra a culpa
Ya ya ya
Raízes bifurcadas enterradas no concreto
Ya ya ya

[Verso 3: Lucas Felix]
Tipo Adriano, Imperador preso nas neura
Entre ser Deus e não ter a grana da feira
Entre ter aberto mão da infância pra ter relevância
E se deparar com um futuro sem substância
Minha geração é giz, bumbum de bebê, nariz sujo de talco
Meus colegas de infância sumiram no álcool
Outros preferiram levar chumbo
Pra não ter que ver a mãe na fila do jumbo
Mas esse nerd aqui deve ter vivido pouco
Só um beatle preto e olha que temos nossa própria Yoko
E se eu descolar quem disse, tá fodido
Fiz decolar sem crendice esse projeto falido
Serei plantado num jardim de homens quando morto
Antes fico rico pra nenhuma tia puta
Levar minha mina grávida pro aborto
E até lá que se fodam suas intrigas, hits e feats semanais
No fim serão como as flores na minha lápide: Artificiais
Cartões postais do inferno
Eu podia tá de terno mas me encontro enfermo
Mas prefiro partir assim do que viver no meio termo
Foda-se
[Refrão: Victor Xamã]
Opiniões divergem e nas fachadas quebra a culpa
Ya ya ya
Raízes bifurcadas enterradas no concreto
Ya ya ya

[Verso 4: Diomedes Chinaski]
Provei que era mais bruxo que Aleister Crowley
Pedra filosofal, a droga que enrolei
Meu emocional como Rift Valley
Me querem Lampião e não Bob Marley
Porque desde que meu pai foi
Percebi que deveria ser mais que demais, boy
E que a vida nunca mais me deixaria em paz
Alguns religiosos dirão que isso é Satanás
Que Satanás! Canalizo a dor e aí produzo mais e mais
Quem me salvou não foi o pastor, foi o Racionais
Aqui eles te espancam por causa do CEP
Deixam teus ossos quebrados pra roubar teu cap
Sujo como os bastidores da porra do rap
Meus irmãos fazem balão, não codeína e dab
Só que tudo tem seu jeito, seu conceito, seu karma
Não entendem como conseguir respeito sem armas

[Refrão: Victor Xamã]
Opiniões divergem e nas fachadas quebra a culpa
Ya ya ya
Raízes bifurcadas enterradas no concreto
Ya ya ya