Praso
Banco dos réus
Club 120
Artesanacto

[Verso 1 - Praso]
Deus não reclames com os decibéis dos drums
Eu faço isto para abafar o ruído dos reclames
Terror, mentira e vaidade
Eu mantenho-me à parte até que tu me chames

Sem planos não estudo mas não falho em exames
Nunca conversámos nem agora nem antes
Há quem tenha fé, há quem acredita em jantes
Mesmo que não jante feliz fica com Implantes

TV faz ignorantes
Teorias interessante em adolescentes
Os teus caminhos são aliciantes
Mas os pecados que vejo são viciantes

Eu não tenho muito e não quero o gratuito
Só quero saúde e ter algum intuito
Consciência tranquila quando me deito
Um sample perfeito, o real eu aceito

Os meus são cúmplices eu não sou incriminado
Eu sei que não é comigo que tens estado preocupado
Na minha estadia não serás incomodado
Dá-me só a morada dos que já chegaram para eu morar ao lado
Os outros não singram porque não sangram pelos seus
Poesia é imortal ao contrário de ateus
Castelos de areia não serão arranha-céus
À porta dos céus ou no banco dos réus

[Verso 2 - Montana]
Não peço tudo só quero o que é meu
Justiça aguentou, lutou mas morreu
Uns na prisão mano outros no céu
Exemplos que me afastam do banco dos réus

Não me preocupo com quem está por cima
Até os maiores um dia são cinza
Observo, aprendo, vou subindo na vida
Onde a escuta não grava e a câmara não filma

Crime não compensa, mas dá-te comida
Uns ténis novos, melhora-te a vida
Abre janelas, mostra-te a saída
Paga-te as contas e ajuda a família

Mas será que vale o risco?
Dinheiro não é felicidade mas pensa nisto
Preferes ser um infeliz pobre, ou um infeliz rico
Um doente sem nada, ou um doente com guito
Mas sem liberdade de nada serve
Relógio não anda, se não é isto que queres
Se gostas de voar, fica onde estiveres
Pensa no que disse e faz o que entenderes

E quem te espera tu chamas mulher
Ao colo de algum numa casa qualquer
Dentro da boca foi onde ela meteu
As saudades que tinha de tudo o que era teu