Praso
Telhados de Vidro
[Verso 1: Montana]
Mesmo por baixo, nunca durmas meu irmão
Caça vira caçador, empregado vira patrão
Foi na prisão, que se orientou e arranjou mulher bonita
Acredita, foi amor à primeira visita
Boa na cana, querida melhor na cozinha
No mesmo tacho coze o peixe n***a, coze brita
Ele vende, ele não presta, ele vende, ele é bandido
Mas o seu dinheiro sujo vem das mãos do teu filho
Agora que fazes parte do crime, espero que tenhas percebido
Não mandes as pedras como fumo para o ar, se tens telhados de vidro
Eu sei que na terra, não há paz sem guerra
Não há bonita que não fique feia e velha
Não há cabeça que não mude de ideias
Mas lealdade não tem idade, não tem preço
Fica do meu lado, e eu prometo que não me esqueço
Rap é imortalidade, agora sei
Nunca morrerei, basta carregar no "play"

[Verso 2: Subtil]
Meu apelido vem da rua, batizado numa esquina qualquer
Perante o olhar retrógada de uma velha qualquer
Eu vi que nada vem, só porque sim, só porque quer
E no que depender de mim, nunca mais começo do 0
Eu vi insegurança em ti, tanta coisa que não queria
Aprimorei, voltei à carga, por caminhos que não conhecia
Vi vingança, desconfiança, uma mudança repentina
A vizinhança de olho a ver, quem traz para baixo, quem leva para cima
Ouvi a conversa do fiel, cascavel da vida
Eu só confio nos meus reflexos, n***a
Eu vou manter o caminho, subir o Pico em Monchique
Fazer um corridinho no compasso deste beat
Eu não me dou com quem não me identifico
Eu não me vou vender se não ficar rico, não fico
Não abdico do que acredito, nem que fuja à regra
Normalmente telhados de vidro, dão sempre merda
[Verso 3: Praso]
É melhor dormires ao relento, para não acordares com estilhaços de vidro
Já vi o que vem a seguir, não preciso de um Júlio Isidro
Que me apresente em vídeo, mentiras e ficção
Não sou híbrido ao lado de muitos que não sabem que o são
Há muitos ocupas no edifício, enquanto ocupas com vícios
Eu vou espantar as serpentes do meu jardim, como fez S. Patrício
Já chega de caminhar sem pensar, voltamos sempre ao início
Os loucos andam na rua, e os visionários no hospício
Sobrevives ao encanto da fé, como se a religião fosse medicina
És enganado por acreditares em quem te domina
Tens pedras no bolso, não atires à vizinha
Se não chove-te o dobro em cima, não te apercebes da mudança do clima
Consciência é solteira, e cada vez mais se isola
Nem todos perdem por investires numa pistola
Há quem não olhe a meios, cada bala é um dólar
Há meio mundo que se esfola pelo que o outro deita fora