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[RefrĂŁo]
Tentaram-me matar a sede com gotas de ĂĄgua salgada
Na boa bebi, atĂ© me secarem osâ
lĂĄbiosâ
e me desidratarâ
a alma
No fim sĂł ouvi, oâ
eco de um riso maldito
Num beco onde ando sozinho, malâacompanhado
Masâestasâparedes tĂȘm ouvidosâconvĂ©m ter cuidado
[Verso 1]
Cuidadoâcom as companhias, jĂĄ a mĂŁe dizia
Ă sĂł lĂnguas afiadas, sĂł dĂĄ chungaria
Olha que ainda um dia acabas sozinho
Com as palavras que guardas
Com tantos traumas dentro da caixinha
EntĂŁo abri-a e vi o que eu nĂŁo queria ver
Tanta pĂĄgina rasgada eu nĂŁo consigo ler
Peguei fogo ao que restava
Viro cinzas, pĂł e nada no silĂȘncio a cantar lĂĄgrimas p'ra adormecer
Mas estou demasiado acordado para sonhar
Devo estar morto vivo nem me sinto a respirar
Eu juro que nĂŁo consigo mais ter de levar comigo
E estas vozes na cabeça como faço para as calar?
Foda-se
JĂĄ vi que o ĂĄlcool nĂŁo resulta
Saltei da terceira prancha para me afogar na culpa
Fui ao fundo e vi a mancha de sangue bati com a nuca
Vim à tona com a lembrança que sou um filho da puta
Serå que alguém se orgulha daquilo que faço
Jå estiquei tanta corda, mas nunca lhe dei o laço
Enquanto o corpo definha vou matando mais um maço
Tento me manter na linha, mas longe do vosso traço
[RefrĂŁo]
Tentaram-me matar a sede com gotas de ĂĄgua salgada
Na boa bebi, até me secarem os låbios e me desidratar a alma
No fim sĂł ouvi, o eco de um riso maldito
Num beco onde ando sozinho, mal acompanhado
Mas estas paredes tĂȘm ouvidos convĂ©m ter cuidado
[Verso 2]
Larguei o mundo p'ra me poder segurar
Vou andando moribundo, meio a cambalear
Imagina bem o cĂșmulo em que o meu Ășnico estĂmulo
Ă ver-me a cavar um tĂșmulo onde eu me possa deitar
Porque estas visÔes atrofiam, intermitentes
Como luzes que me cegam nĂŁo me deixam seguir em frente
São as mesmas que me levam aos encontrÔes de repente
'Tou mais sozinho que nunca no meio de tanta gente
Sou mais um corpo que se arrasta
Por esta praça, uma réstia de uma carcaça
Vou mendigando pela cidade
Por copos e trocos e pelo prazer de saber
Que um dia acabamos mortos
E um dia acaba tudo e sĂł resta o silĂȘncio
Um cĂrculo de surdos mudos gesticulam tudo o que penso
E se eu penso logo existo, entĂŁo desisto de pensar
Hasta la vista, sĂł me apetece bazar
[RefrĂŁo]
Tentaram-me matar a sede com gotas de ĂĄgua salgada
Na boa bebi, até me secarem os låbios e me desidratar a alma
No fim sĂł ouvi, o eco de um riso maldito
Num beco onde ando sozinho, mal acompanhado
Mas estas paredes tĂȘm ouvidos convĂ©m ter cuidado