Rodrigo Zin
Rodrigo Zin, ‘Francisco Oceano’ (Análise)
Análise de Genius Brasil para o disco Francisco Oceano EP de Rodrigo Zin
Rodrigo Zin, curitibano que integra o grupo 0800 Crew, lançou em janeiro seu novo trabalho solo intitulado Francisco Oceano. O nome faz tanto referência à Rua São Francisco, no centro de Curitiba, cidade onde o rapper vive, sendo uma grande inspiração na composição, como uma homenagem ao americano Frank Ocean, outra grande inspiração evidenciado nas letras e melodias fortes, além, claro, do próprio Oceano, no qual é envolto pela temática do disco. O EP também conta com referências que passam por animes, quadrinhos, jogos eletrônicos e até ao autor Zygmunt Bauman.É uma homenagem ao Frank Ocean, e também uma homenagem à Rua São Francisco e ao Centro de Curitiba no geral. É o oceano no ambiente urbano, principalmente pelo fato de Curitiba não ter praia, mar, oceano, o que deixa tudo mais pesado.É passando pela musicalidade de Ocean e as teorias de Bauman, que surgem as referências a peças famosas da cultura pop, como os animes Naruto e Dragon Ball Z e o cartoon A Hora do Aventura, sinais desse universo conectado a Internet, instantaneidade e eterna fluidez, assim como os relacionamentos imaturos, inseguros e descompromissadosFrancisco vem mostrando como as relações estão cada vez mais rasas e tudo está se tornando obsoleto cada vez mais rápido.Estamos cada vez mais imersos nesse universo implacável para as relações. A sonoridade gospel, evocando elementos religiosos, é outro elemento que acrescenta à musicalidade R&B/soul, unindo às batidas boombap, trap, e até trip hop, formando um amálgama de batidas, vocais e viradas de ritmo

Confira abaixo as análises e notas da equipe:Às vezes na música, notamos uma repetição de fórmulas e ideias visando o sucesso, por isso, um artista que expõe as mais íntimas referências e aborda seus temas com sinceridade é algo a ser valorizado. Rodrigo Zin é um desses artistas fiéis àquilo que viveu e que deseja contar em suas canções: o resultado é um EP criativo e com ares de frescor. Francisco Oceano EP possui tanto canções energéticas quanto introspectivas. Sendo eu uma admiradora do segundo tipo, destaco as três últimas: “Flow de Quem Já Partiu”, “Catuaba Lo Fi” e “Santanna”. Zin apresenta sensibilidade para falar de amor, em suas variadas formas, e escreve uma dessas frases que deixam a gente pensando por um tempão: “Não serei condenado, pois eu me condeno/ Por falar de um amor tão grande pra ouvidos pequenos”. Para além das categorias do hype ou do underground, músicas despretensiosas como as de Zin devem ser prestigiadas pelos ouvintes curiosos. Francisco Oceano EP é um bom exemplo da pluralidade de produções do rap nacional atualmente.—Marta BarbieriGrata surpresa neste início de ano. Fugindo do óbvio, o artista faz um trabalho intimista e versátil, além de muito bem estruturado, iniciando com faixas mais energéticas e rimas ácidas e cruas com um clima mais gospel; por outro lado, termina com faixas que dão espaço às guitarras e um flow calmo e rimas intimistas, falando muito bem sobre o amor, como o próprio Zin disse numa anotação: hoje, ele escreve e luta pelo amor em suas letras. Usando uma mixagem mais suja pras vozes e uma produção mais despojada, onde há faixas com barulhos do mar e até de ventiladores, Zin faz um trabalho denso e experimental que, como bem disse a Marta, está para além do hype ou do underground.—Matheus Barros