Xamã
LITERATURA E POESIA MARGINAL COM XAMÃ
Leitura e Poesia Marginal
Xamã

Falência múltipla dos órgãos das colunas sociais
Quem se alista e vai pra guerra se distancia da paz
Mais uma dose
Enche o copo do soldado até a borda
Eu fui ferido no combate, mas minha chaga te incomoda
Você se afunda no copo pra morrer de qualquer forma
No whisky importado ou numa cerveja morna
A norma do estatuto diz: Que o produto só é nocivo enquanto te fizer feliz

E o caminho a seguir é sem volta
Quem fornece o veneno é quem menos se importa
A droga prorroga teu sofrimento
Fecha a porta
Nada me importa enquanto eu me ausento
Mais um trago
O maço tá lotado de cigarro
Me sinto fraco
O ar me falta
Me dá pigarro
Eu te falo pra parar, mas eu não paro

Que o meu caso é isolado, até o barato custa caro
Mas só é verdadeiro ou falso
Meu filho faça o que eu digo, não faça o que eu faço
Enquanto a mãe tira mais um cigarro do maço
E encurta o tempo e o espaço
Fumar te prejudica, a curto, a médio e a longo prazo
A cada dose, a cada trago, a cada gole, mais um cigarro
A cada dose, a cada trago, beber causa cirrose e fumar causa infarto
Abastece o meu ego
E engrandece a ignorância
Um copo quente de conhaque é um prato frio pra vingança
E eu tô na dança, sem par, sem passos
Só saudades, sem abraços
Neguinho, me queima mais do que mormaço
Aí eu digo: Moço me tira aqui do fundo do poço
Eu fui pintura premiada
Hoje não passo de um esboço
Sou indício de um vício
Caí num precipício
Deveria ter pensado duas vezes desde o início

Entre esperanças
Cigarros
Entre um trago ou outro
Eu pago um preço muito caro e a varejo custa pouco
E sigo louco
Meu mundo é fosco
E às vezes nem existe
Escondo o rosto
E não esboço nenhum tipo de sorriso triste
Risca duas no prato
O clima é tenso
Nada ameno
Se sente o cheiro vicioso e o amargo gosto do veneno
Aí o corpo se entrega
E o predador vira presa
Pois pra lutar consigo mesmo nem sua alma sai ilesa
Cartel MC's
Das costas do Cristo
Zona oeste