Depois de dois anos sem trabalhos maiores, o 3030 anuncia Entre a Carne e a Alma, álbum promovido principalmente pelo single “Ogum”. A pluralidade musical do grupo encontra uma via para se expressar de maneira marcante, trazendo influências de outros gêneros e outras culturas. Ainda que o 3030 demonstre uma abrangente aproximação da crítica ao capitalismo, temas raros podem ser encontramos no álbum, valorizando mais ainda o trabalho artístico dos integrantes do grupo.
Alguns principais usuários do Genius se reuniram para falar do álbum. Aqui estão as percepções que surgiram:Análises:Com bons lançamentos desde o disco de estreia “Quinta Dimensão”, o 3030 mostrou que seu disco prometia. Com influência do samba e da religiosidade, o disco soa mais ritmado, com uma cadência maior que o anterior, que tinha baladas mais influenciadas pelo boom bap. O flow deles é a grande marca do trabalho: prezam pela melodia do som, com uma estética bem definida e encaixada nas batidas. Aqui outro ponto positivo: a simplicidade das produções são provas de um ótimo gosto, com toques minimalistas de pianos, violões e violinos, que contrastam bem com elementos populares como atabaques e percussões. O espiritualismo dos integrantes, não excluindo as preocupações com problemas sociais, os mostra serenos e bastante confiantes nas composições, o que deixa o trabalho final muito orquestrado e consciente. Não temos aqui uma obra surpreendente, mas que pode ainda marcar bons momentos de reflexão e demonstra um grupo mais maduro.Nota: 7 - IgorFGVindo de um último CD completamente espiritual e esotérico, parece razoável que Entre a Carne e a Alma fuja um pouco dessa proposta. De fato, é o que acontece. A espiritualidade e a religião, apesar de presentes, dividem espaço com outros temas no protagonismo do álbum. Uma proposta anti materialista se mostra presente desde a introdução, materializada na voz de Tim Maia, e segue como elemento central durante todo o trabalho. Penso que o 3030 conseguiu dar mais um passo em direção à consolidação do seu nome na cena nacional, se é que esse ainda não está consolidado. Um ponto forte do álbum é a produção, a seleção dos beats, a criação de melodias, todas apoiadas na visão de produtor do LK, que só mostra evolução nítida desde a primeira mixtape do grupo. Mais uma vez, o 3030 se destaca na cena, tirando proveito da voz de Bruno Chelles, que mostra um desempenho impecável no álbum. Se rappers talentosos podem ser encontramos em todos os grupos — 3030 incluso, especialmente —, um cantor como Bruno pode representar um belo diferencial. Entretanto, eu discordaria da opinião de que Entre a Carne e a Alma é um álbum genial. É muito boa música, que fala de temas muito importantes e dá espaço a assuntos que poucos dão na cena do rap nacional. Acredito, no entanto, que ainda verei um trabalho genial do grupo.Nota: 7.5 - RaulMarquesRJSou um novo ouvinte/fã do grupo e a faixa Ogum que me apresentou a chegada do álbum me chamou muita atenção, tanto pela musicalidade quanto pela temática religiosa/espiritual, pois trata desse assunto de uma forma que o ouvinte consegue se identificar pelo sentimento transmitido. O mesmo ocorre em outras faixas do álbum, embora em alguns momento isso tenha sido melhor executado. Além disso, a temática da vida nas favelas é trazida de uma forma bem poética e diferente. O grupo sem dúvida tem uma harmonia interessante que te prende e combina muito bem com a produção. Falando de produção, os ritmos mais acústicos combinados em alguns momentos com cloud rap são bem orgânicos, mas provavelmente não agradarão quem curte algo mais turn up. Dificilmente será o melhor do ano, mas com certeza vai ficar marcado pelo som único. Nota: 7,5 - krayVeredito Final É fácil perceber música boa no segundo álbum de estúdio no 3030. Os pontos fortes são muitos: o estilo de produção, os assuntos abordados e o talento dos integrantes de forma geral concedem ao trabalho uma unicidade interessante, suportando a visão de que o grupo é um dos mais originais em atividade na cena.
Vida na favela, críticas contra o sistema, uma religiosidade tão pulsante quando diversa. Esses são os elementos o que compõem a fórmula de Entre a Carne e a Alma. O álbum é uma marca na discografia do grupo e um bom motivo de comemoração para a cena de rap carioca.Média das Notas: 7,3