Prêmio Genius Brasil de Música 2018
Mais um ano que não podemos deixar de discutir os incríveis trabalhos e artistas de rap que nos forneceram alguns dos sons que nos acompanharam nesse conturbado 2018.
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Este ano, optamos por discutir e votar dentro da nossa equipe de moderadores e editores do Genius Brasil. Relembrando os lançamentos do fim de dezembro de 2017 até meados de dezembro 2018, chegamos a uma lista com 10 indicados dentre 5 categorias: Revelação, Produtor, Videoclipe, Música e Álbum do ano.Votantes: A votação contou com os votos de 14 membros da equipe do Genius Brasil (editores e moderadores).
Enzo (@colld)
Felipe Adão (@felipeadao)
Henrique Ramos (@ramoshenriq)
Higor (@velociraptigor)
Igor França (@igorfg)
João Vitor Felix (@peixeeh)
Kleber Briz (@kray)
Lucas Gabriel (@lucasgabrielrm)
Lucas Wildemberg (@lucaswildemberg)
Marta Barbieri (@mabarbieri)
Matheus Barros (@mathvb)
Michel Chermont (@michelchermont)
Paulo ProsDoc (@prosdoc)
Rick Marley (@rickmarley)
Cada membro elegeu seu Top 10 em cada categoria e a partir de um sistema de pontuação, um Top 10 de cada categoria foi estabelecido. Contudo, após esta nova lista ser criada, foi feita mais uma discussão sobre os candidatos para se chegar aos 3 melhores de cada categoria.Obras elegíveis:
Toda obra lançada entre 17 de dezembro de 2017 e 31 de dezembro de 2018 foi considerada elegível para o prêmio.
Com um pódio por onde já passaram nomes como Matuê, Froid, Sant e Baco, além do atual vencedor niLL, o prêmio de Revelação do Ano vem para exaltar aqueles que ajudam a expandir dia após dia o rap nacional.
Em grupo, dupla ou individual, a lista desse ano nos apresenta 10 artistas que se destacaram durante o ano de 2018 e que, com uma promessa de renovação, ajudam a construir e perpetuar a cultura.
Por trás de um hit ou de um álbum que tenha marcado aquele momento especial em 2018 está o produtor, o cérebro que preenche a música, que dita o ritmo do bumbo e da caixa. Seja trap ou boombap, a produção nacional é cada vez mais original e criativa, ampliando as possibilidades e colocando a música brasileira em patamares mais elevados.
Com nomes já consagrados como NAVE e Coyote, que já figuraram no pódio nos outros anos, aos novos produtores que invadem e renovam a cena, a lista de indicados poderia ser ainda maior devido ao altíssimo nível de seus trabalhos, e, por isso, adotamos um método mais criterioso, chegando finalmente a 10 nomes que se destacaram durante o ano de 2018.
Não há exagero em afirmar que a música, em especial o rap, não é algo se restringe a batidas e meras rimas, mas que se transforma em algo maior. Música é sentimento. Em um ano de lançamento de grandes álbuns, viemos aqui exaltar músicas que fizeram sentir - sendo elas singles ou parte de um álbum - e que foram essenciais para demonstrar a qualidade que o rap nacional tem alcançado e contribuir ainda mais para a evolução e a conquista de espaço dentro da música brasileira.
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A lista contém 10 músicas que, da sua maneira, foram destaques e se mostraram relevantes para a cena durante o ano de 2018, e que ainda serão lembradas durante um bom tempo.
Os clipes contam histórias, trazem sensações e entrelinhas que as vezes não conseguimos ter em um primeiro contato musical, sintetizando a mente do artista e a do diretor, e nos garantindo uma experiência audiovisual única.
A lista de indicados traz videoclipes que foram destaques no ano de 2018 e demonstraram a qualidade de produção que o rap nacional está alcançando, deixando evidente que ainda pode alçar voos mais altos se depender da genialidade dos seus diretores e da qualidade musical dos artistas da cena.
Histórias que encantam, capas que impactam e ritmos que marcam, isso são só algumas das características que fazem um disco de rap. E a cada ano que passa, fica mais difícil escolher dentre tantas obras que elevam cada vez mais a cultura.
Da estreia à reafirmação, revelação ou veterano, esta é uma categoria na qual apenas uma música, um hit não é o suficiente, onde o produtor e o videomaker são necessários, mas que no fim das contas é a visão do artista que prevalece. Na lista de discos, a responsabilidade é ainda maior.
Após uma acirrada votação, selecionamos 10 discos que marcaram o ano de 2018, pela produção, lírica e todo o conjunto que as fazem serem especiais. Grandes obras que têm seu nome marcado na história do rap nacional e que o engrandecem ainda mais.VencedoresArtista Revelação1º - Solveris
O som que esse grupo trouxe para o rap em 2018 é indescritível, não há nada mais original e marcante que eu tenha ouvido esse ano. As rimas de cada integrante do Solveris, as harmonias das produções e a naturalidade como tudo isso se encaixa é algo mágico, daquelas magias que não conseguimos imaginar quando podem voltar a acontecer no rap. - kray2º - Rodrigo Zin
Não sei quantas horas de sono o curitibano Rodrigo Zin teve em 2018, só sei que ele nos entregou três discos, mais de dez singles e seis videoclipes. Sua maneira de escrever e produzir é carregada de originalidade, ousadia e temáticas pouco comuns. Além de tudo isso, talvez seu maior trunfo tenha sido fazer toda a equipe chorar ao ouvir a canção "Flow de quem já partiu". Se ainda não o conhece, dê uma chance a essa new face do rap, música é o que não falta. - marta3º - GABZ
"Do Batuque ao Bass" foi o suficiente para me apaixonar pela música da GABZ, acredito que muitos também caíram na graça dessa mulher com esta música. E junto com um excelente repertório musical, que vai além do rap, a MC e cantora traz junto uma estética única, tão arrojada quanto as veteranas Karol Conká e Flora Matos. Não há dúvidas que ela ainda vai fazer muito barulho na cena - krayProdutor1º - Coyote
Já era fã do trabalho do Coyote desde que ouvi pela primeira vez "Geração Elevada" da DV. E é indiscutível a relevância e a qualidade do trabalho feito por ele desde aquela época, e principalmente durante o ano de 2018, assinando parte das produções de "O Menino Que Queria Ser Deus" e "S.C.A", grandes álbuns que devem uma parte do seu destaque aos instrumentais, elaborados de forma grandiosa pelo Coyote. Se Neruda ouvisse falar do flow do Hot, escreveria um best seller, só pros beat do Coyote. - Michel Chermont2º - WCnoBeat
18K, como o próprio nome já diz, é um álbum que reluz, reflete a grandeza do WCnoBeat e dos artistas que participam do álbum. Não conhecia tanto o trabalho dele antes do álbum, mas gostei muito das faixas que ele assina com o Cacife Clandestino e principalmente do trabalho dele no álbum do Sain. Mas sem dúvida que ele proporcionou uma experiencia única no ano de 2018, juntando BK, Orochi, MC Hariel, Cabelinho, Don Juan, Pablo Martins e outros em um só trabalho, simbolizando muito bem a síntese entre o rap e o funk, dada pelo instrumental único que só o WC consegue fazer. - Michel Chermont3º - Lucas Spike
Por trás da energia que a Recayd Mob traz para a cena está um dos produtores mais criativos, Lucas Spike. Com alguns dos traps mais marcantes de 2018, este é um dos nomes que não poderia ficar fora dos produtores vencedores. Dropo no beat do Spike! - krayMelhor Música1º - “10K”, Raffa Moreira produzido por Celo
Uma das grandes surpresas do ano foi o lançamento de "10K" do Lil Raff aka BC Raff, uma faixa que celebra o sucesso inesperado do trapstar e talvez represente seu trabalho mais sólido desde sua ascensão no cenário do rap nacional em 2017. 10K, que conta com a produção de Celo, retrata com perfeição a persona controversa de Raffa Moreira e pode ser vista como exemplo de um trap verdadeiramente brasileiro, além de evidenciar a grande evolução do MC enquanto artista. Se gostar ou não gostar de Raffa Moreira ainda é uma questão que divide a cena do rap brasileiro, "10K" é uma faixa sincera que com certeza marcou o ano de 2018 e que abre caminhos para a evolução do trap brasileiro. - FelipeAdao2º - "Plaqtudum", Recayd Mob produzido por Lucas Spike
Como o próprio Emicida revelou: os caras estão chegando. "Plaqtudum" é uma das muitas faixas de qualidade da Recayd, mas o sucesso absoluto desta faixa em específico se dá pelo valor de repetição da faixa. Longe de ser uma faixa fácil, com um refrão longo e versos complicados para se decorar, é o ritmo que a torna tão envolvente, tanto da produção do Spike quanto da entrega do Defideliz, Derek e Jé Santiago. - kray3º - "UFA", Djonga produzido por Coyote e com participações de Sant e Sidoka
Sidoka prometeu fazer "cada verso virar libra", cumpriu, e acabou fazendo mais: cada verso se tornou um tesouro, e junto com Djonga e Sant, quebraram o álbum que já tava quebrando tudo. UFA promete a união, a fortuna e quem sabe o amor, do jeito que cada um sabe expressar. Demorei pra ouvir um pouco o resto do álbum porque essa música ficou no repeat. Com o Djonga, mil grau, espírito livre, o Sidoka trazendo 'quele flow, e o Sant trazendo cada vez mais luz pra gente, não tinha como UFA não passar despercebida em 2018. - Michel Chermont.Melhor Videoclipe1º - "Deus do Furdunço" do Bk', dirigido por Ronaldo Land e Calebe Gomes
Com ótimas atuações de JXNV$ e do próprio Bk', autor da faixa, o clipe dirigido por Ronaldo Land e Calebe Gomes é extremamente extrovertido e extravagante. A história mostra uma noitada daquelas inesquecíveis e que tem tudo para dar errado, sendo esta uma bela tradução do que foi o próprio álbum Gigantes. Criativo e visualmente atraente, é só uma parte da trilogia, que ainda conta com "Correria" e "Julius".- kray2º - "JUNHO DE 94" do Djonga, dirigido por Gabriel Solano
O clipe que mostra a dualidade na mente de um menino que queria ser Deus, não chegou até aqui à toa. Cheio de representatividade ele denuncia que esteja onde estiver, o homem negro sempre estará na forca, seja nas suas origens humilde quando vive na ponta da espada, seja quando se torna quem almejava, numa refeição, não por coincidência entre uma família branca, e que mesmo assim não se sente parte dali. Contando ainda com uma segunda parte que busca enaltecer o poder da mulher preta, com exímia direção de Gabriel Solano, o mineiro nos mostra mais uma vez que cuidando de todos os aspectos de sua arte e com boas referências, você vira referência. - João Vitor Félix3º - "Boca de Lobo" do Criolo, dirigido por Denis Cisma
Esse, é de fato, um clipe surpreendente, e isso nos mais amplos sentidos. O que, de pronto, impressiona é que não houve notícias de que um clipe desta proporção estava sendo feito na maior capital do Brasil. Uma superprodução, que se utiliza de grandiosos efeitos especiais e usa das mais diversas referências para evidenciar tudo de podre que tem acontecido nessas terras. Vale destacar que o lançamento do clipe marcou o "retorno" de Criolo ao Rap, após ter realizado alguns projetos ligados ao Samba. O MC do Grajauex mostrou linhas ácidas e bem construídas, duas de suas principais marcas. O resultado final desta produção audiovisual evidencia o poder da combinação entre uma ótima música e um grande trabalho cinematográfico. - ProsdocMelhor Álbum de Rap1º - O Menino Que Queria Ser Deus do Djonga
Para quem já afirmou, certa vez, que seus inimigos seriam hors concour em certas categorias, Djonga hoje se faz hors concour. Hoje, sem sombra de dúvidas, o nome mais prolífico da cena, num álbum magistral o mineiro reflete de forma quase que autobiográfica sobre todos os aspectos da sua vida: seus medos e temores, seus amores e conquistas, seu passado e suas dores, seu filho. Todos de forma muito crua e sincera, mas nunca deixando de ser bem trabalhada. Tudo recheada com uma produção também fora da curva (e já premiada) de Coyote, além de participações de gala como na também premiada UFA. Ao longo do disco, Djonga deu-nos claramente um aviso imperativo: CORRA! E em 2018, ninguém o alcançou. - Félix2º - Gigantes do Bk'
Talvez não seja o álbum que os fãs queriam do Bk' depois de C&R, mas é tão marcante quanto ele. Gigantes é criativo e diferente, com uma produção impecável comandada principalmente por El Lif e JXNV$. Bk' traz a juventude negra do Rio em uma história envolvente e cativante a partir da metáfora dos gigantes e com faixas como "Exóticos", "Julius", "Vivos" e "Planos", não tem o que comentar, só sentir. BK' perdoe os humanos, eles não sabem o que falam- kray3º - Bluesman de Baco Exu do Blues
Baco Vive!. Essa é a expressão que cerca o novo trabalho do Exu do Blues. Baco acertou em vários pontos no que se refere a construção da sua carreira, e Bluesman foi uma delas. Embora dívida opiniões, não dá pra negar a sua importância para o rap nacional. Falar sobre o racismo, a importância do empoderamento do povo negro, assim como a bipolaridade, a depressão e a ansiedade, é algo extremamente importante, presente não só no trabalho do Baco, mas no mundo em que vivemos. O audiovisual deixa o álbum ainda melhor. Assim como as produções que conseguem transformar músicas como "Minotauro de Borges", "BB King", "Bluesman" dentre outras, em grandiosas faixas que deixarão pra sempre sua marca na história do rap. Mesmo que não tenha causado o mesmo impacto que Esú, Baco negou esteriótipos, bateu em Jesus (e o ajudou com suas crises), também nos trouxe um dos melhores trabalhos do ano de 2018. Mostrou que ao se matar no estúdio, renasceu, e vai continuar crescendo. Falei mermo.
- Michel Chermont