Prêmio Genius Brasil de Música 2019
Em 2019, o rap continuou se expandindo e trouxe ainda mais novidades, sonoridades antes não exploradas e estilos de rimas cada vez mais diversos. Foi nesse ano que o "hat-trick" de disco foi alcançado, o trap deixou sua marca e mostrou sua longevidade na música brasileira, novos artistas expandindo as fronteiras do rap, enquanto outros se "despediam" da música. Sem deixar de destacar o fim da "era das cyphers" e a evolução audiovisual nas produções brasileiras que nos trouxeram clipes incríveis e excelentes álbuns visuais. Foi mais um ano que não poderíamos deixar de dar o mérito a estes incríveis trabalhos que os artistas de rap nos forneceram ao longo de 2019.
Este ano, assim como em 2018, optamos por discutir e votar dentro da nossa equipe de moderadores e editores do Genius Brasil. Relembrando os lançamentos de janeiro a dezembro de 2019, chegamos a uma lista com 10 indicados dentre 5 categorias: Revelação, Produtor, Videoclipe, Música e Álbum do ano.Votantes: A votação contou com os votos de 11 membros da equipe do Genius Brasil entre editores e moderadores.
Henrique Ramos (@ramoshenriq)
Igor França (@IgorFG)
João Vitor Felix (@Peixeeh)
Kleber Briz (@kray)
Lucas Gabriel (@LucasGabrielRM)
Lucas Wildemberg (@LucasWildemberg)
Marta Barbieri (@mabarbieri)
Matheus Barros (@mathvb)
Michel Chermont (@elchermont)
Pedro Henrique (@FerbChannel)
Rafael (@RFLNSAN)
Cada membro elegeu seu Top 10 e a partir de um sistema de pontuação, um Top 10 de cada categoria foi estabelecido. Após esta nova lista ser criada, foi feita mais uma discussão sobre os candidatos para se chegar aos indicados e, por conseguinte, os 3 melhores de cada categoria.Obras elegíveis:
Toda obra de rap lançada entre 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2019 foi considerada elegível para o prêmio.IMPORTANTEGostaríamos de reiterar que por ser uma lista limitada a 10 indicados por categoria, infelizmente, muitas músicas, álbuns, artistas e videoclipes acabam por não serem representadas no Top 10 final. Isto não significa que a equipe não tenha levado em consideração ou que não goste destes trabalhos, longe disso. É tão difícil deixar um nome ou uma faixa de fora quanto colocar uma. Desde que começamos a realizar esse esforço, de compilar o que na opinião da equipe seriam os destaques do ano, esta lista está longe de ser a única ou a melhor. Realizamos ao longo do ano uma compilação de informações mensal do que é lançado e diversas discussões, para no final do ano debater com base nesta pré-seleção, algo inclusive que acaba, de certa forma, aparecendo nas publicações das redes sociais. Temos o intuito, com a lista de final de ano, suscitar a discussão sobre a cena nacional e os incontáveis pedidos de "fulano", "beltrano", "faixa x" ou "faixa y" não estarem na lista nos fazem pensar e buscar maneiras de a cada ano melhorar a qualidade das listas e conteúdos que produzimos na rede e no Genius.
Também relembramos que o Genius funciona de forma colaborativa e, no âmbito nacional, não tem fins lucrativos. Embora façamos uso da plataforma do site Genius, a comunidade nacional é independente da americana, tendo o aval para usar o nome devido as proporções das colaborações que o Brasil vem conquistando nos últimos anos. O conteúdo - as anotações, as letras, as descrições dos artistas e outras informações nas faixas - dependem do trabalho colaborativo dos usuários do site e dos artistas que se dispõe a incluir ou enviam nos canais criados pelos editores/moderadores fora do site. Gostaríamos que houvesse uma participação tão grande no site como temos nas redes sociais, pensando na qualidade do conteúdo aqui apresentado e nas discussões aqui realizadas. Qualquer colaborações, comentário ou sugestão sempre é bem vinda. Tal qual as críticas que recebemos, principalmente nesta época de listas.
Por fim, todo o sucesso que as listas tem feito esses anos nos deixam tão empolgados e ansiosos quanto os artistas e fãs que nos visitam nas nossas redes sociais, seja para comemorar a presença do artista ou faixa favorita, seja para reclamar pela falta dos mesmos. A lista, atualmente, é o conjunto de opiniões de diversos membros de várias partes do país, muitos dos quais participam nas cenas locais de suas cidades e região. Em outros anos, incluímos colaboradores de outros portais e artistas, o que também nos permitiu conhecer e trocar experiências com outras pessoas para melhorar e estabelecer o formato atual que desenvolvemos para o Prêmio. Esperamos que apreciem o esforço que colocamos para construir a lista e participem do debate, independente da sua opinião sobre a mesma.
Contato:
Instagram - @geniusbrasil
Twitter - @Genius_BrasilINDICADOSRevelação
Conforme os anos passam, o rap se torna cada vez mais diversificado, podemos ver isso quando observamos os novos artistas do gênero se aventurando além dos limites da cultura. A categoria Revelação chama atenção para aqueles artistas que já estão aos poucos conquistando as playlists e dominando as paradas.
Em 2018 tivemos o grupo Solveris como campeão da categoria, seguido por Rodrigo Zin e GABZ no Top 3.Melhor Produtor
Não teríamos alguns dos melhores discos e músicas dos últimos anos em 2019 se não fossem pelos produtores. Seja misturando novos ritmos ao rap, produzindo hits, apostando no próximo trap ou nos lembrando o clássico som do boom bap, são eles que pavimentam o caminho para os artistas brilharem.
Em 2018, Lucas Spike, WCnoBeat e Coyote produziram algumas das músicas e discos que com certeza permanecerão em nossa memória por muito tempo. Este ano, não poderia ser diferente, álbuns que já são considerados novos clássicos foram produzidos e o rap nacional passou a ocupar um lugar de destaque no mainstream da música brasileira, muito disso graças ao trabalho destes profissionais.Melhor Videoclipe
Quando falamos de videoclipes de rap aqui no Brasil, não podemos esquecer de “Diário de um Detento” do Racionais MC’s ou “Só Deus Pode Me Julgar” do MV Bill. De lá pra cá, muito mudou, as produções visuais estão cada vez mais profissionais. Porém, muito mais do que bons efeitos, um videoclipe marcante conta uma história, eleva as músicas de um disco ou um hit para patamares ainda maiores. Sempre ressaltando que para além dos artistas, existe o olhar apurado dos diretores e diretoras prontos para deixar seu nome na história do rap nacional.
A lista de indicados inclui alguns dos videoclipes mais criativos e bem produzidos durante o ano, assim como em 2018 com “Deus do Furdunço” de BK’ dirigido por Ronald Land e Celebe Gomes.Melhor Música
O que legítima uma música como boa? Essa é uma pergunta bastante difícil. O julgamento de valor sobre uma obra artística é sempre algo delicado e afirmar a qualidade de uma música não parte de nenhum pressuposto totalmente definido, seja ele técnico, estético ou até mesmo social. Ainda não temos a resposta certa para essa pergunta, mas acreditamos que música boa é aquela que emociona, que gera identificação e que cumpre sua função em determinados contextos. Seja uma música pra dançar, um hit ou uma história bem contada, a lista com as 10 melhores músicas de 2019 procura, ainda que com uma amostragem pequena, dar luz à algumas das faixas que marcaram o anoÁlbum do Ano
'Álbum do Ano' é a categoria mais esperada e a mais acirrada do Prêmio Genius ou de qualquer outra premiação. Afinal, considerar um álbum melhor é aferir a sua relevância ao rap nacional, por demonstrar o nível de qualidade máxima do gênero em um determinado período.
Os singles, videoclipes, o trabalho dos produtores e a visão do artista aparecem para construir um trabalho artístico comparável a um filme ou um livro; algo que pode marcar e influenciar uma geração e mudar as direções que o rap pode tomar.VENCEDORESARTISTA REVELAÇÃO
1º - Ebony
Não há dúvidas que o trap veio para ficar por muito tempo na cena nacional, algumas das melhores músicas e discos têm sido feitos nesse "subgênero" do rap. A carioca Ebony aparece como uma artista pronta para confrontar os MCs que já vêm fazendo músicas neste estilo. Fazendo jus ao título de Revelação do Rap em 2019, a estética visual da MC é a personificação do trap, suas rimas e levadas desafiam os padrões técnicos que estamos acostumados e vemos o quanto a artista está com "fome" de ser uma das melhores ao olharmos seus versos, dignos de dar inveja em muitos MCs. Tudo indica que 2020 promete ser um ano ainda maior para Ebony, confiou?. - kray2º - LEALL
LEALL talvez tenha sido o artista a lançar os singles mais consistentes do ano e fez muita gente embrazar ao som de "Criminal Influencer", "Cachorrada" e "Moda Síria Anti-Adidas". Além disso, 2019 foi marcado pela discussão a respeito do grime, gênero musical do qual LEALL é um dos representantes. O grime nasceu em Londres nos anos 2000 e o BPM acelerado é uma das suas características. Isso faz com que as músicas do LEALL tenham o mesmo efeito de, sei lá, uma descarga elétrica. Por aqui ficamos esperando ansiosos pelo disco e pela chegada de "Cachorrada" ao Spotify. - marta3º - MC Caverinha
MC Caverinha é um fenômeno e podemos provar. Campeão do Se Vira nos 30 do Domingão do Faustão, dividiu palco com Anitta e acumula números pra lá de expressivos nos serviços de streaming e YouTube. Com sua canção "Não Pisa no Meu Boot", obteve 1 milhão de visualizações em apenas 2 dias. Surpreende ainda mais o fato de que essa biografia pertença a um garoto de onze anos. Caverinha não se intimida, apesar da pouca idade, e encara multidões com o carisma de um veterano de profissão. - martaMELHOR PRODUTOR
1º - Papatinho
Desde que o Papatinho chegou na cena junto ao ConeCrewDiretoria, estivemos assistindo um dos melhores produtores nacionais de rap que já vimos. São mais de 10 anos na cena e dezenas de produções memoráveis, mas foi em 2019 que todo esse trabalho culminou em um ano mágico. No canal do Papatunes Records, "Como Ela Vem" e "Sem Convite" são algumas das faixas que bateram alguns milhões de visualizações. Dentre as inúmeras produções, Papato fez uma dupla com o veterano Black Alien, nos proporcionando o disco Abaixo de Zero: Hello Hell, uma verdadeira obra prima, onde o MC carioca se reencontrou no estilo refinado do seu conterrâneo produtor. E além do rap, Papatinho produziu o megahit "Onda Diferente" acompanhado nada menos de Anitta, Ludmilla e a lenda Snoop Dogg. Este é um daqueles casos que o trabalho fala por si só. - kray2º - Go Dassisti
Se você já ouviu Luccas Carlos, você já ouviu Go Dassisti, pois nos últimos anos o produtor tem sido um dos maiores parceiro do MC carioca. Porém, neste ano, Go está por traz de dois dos trabalhos que mais agitaram a cena, PADRIM do FBC e SELFIE da Clara Lima. Seja qual for o estilo, o produtor mostra versatilidade e capacidade para, junto dos artistas, compor faixas memoráveis. - kray3º - CORO MC
Veterano é um dos marcos no rap em 2019. E um dos pilares pra que o segundo trabalho solo do, ex-Costa a Costa, Nego Gallo tivesse sucesso é a inspirada produção de Coro MC - que, vale ressaltar, também possui um sincero verso na faixa "Passado Presente". Misturando trap, reggae, funk e muitos outros elementos numa costura que se torna uma experiência muito interessante de ouvir do início ao fim, o produtor pavimenta um cenário perfeito para que o disco transmita a atmosfera de Fortal, mantendo a energia sempre lá encima, contrastando (ou não) com os sóbrios versos de Gallo, que acaba trazendo uma carga de esperança e de sentimento bom em meio ao caos. Jonas de Lima, como também assina suas músicas, é uma grata surpresa logo no início do ano, e fiquemos de olho nos próximos trabalhos do artista. - matheusMELHOR VIDEOCLIPE
1º - "Dollar Euro", Tássia Reis
A direção impecável da dupla Camila Tuon e Gabriela de Paula já nos chama atenção no primeiro take, onde o discar do celular está em sincronia com o instrumental, esse ritmo segue até o fim, a coreografia dos figurantes, cortes e efeitos da edição, tudo isso sincronizado com o trap, deram ao clipe um flow tão afinado quanto o de Tássia e Monna. Mesclando com essa montagem dinâmica e contemporânea, o vídeo apresenta um visual vintage, muito bem construído através da direção de arte, com os cenários, figurinos, colorização e até mesmo o aspecto 4:3.- ramoshenriq2º - "Que Nem o Meu Cachorro", Black Alien
Premier King e Black Alien nos levam em uma viagem sobre o passado sombrio do rapper e a sua superação no clipe "Que Nem o Meu Cachorro", um convite a autobiografia de Black Alien, cujo cenário, a clínica de reabilitação que Alien passou seu tratamento, torna-se um resgate às histórias e perdas que o mesmo encontrou em sua trajetória. As conversas, as faxinas, conflitos, os momentos de lazer entre os personagens são essenciais para nós entendermos o 'agora': o movimento, a adaptação e a evolução, sem ao menos um fim e muito menos o começo. Toda essa rotina trazida no clipe é essencial para entendermos o companheirismo entre eles, o que nos traz a dor da cena final: a morte de um deles, ao som do verso de Gustavo que diz: "Se vêm baseado no passado, só há um resultado: cê vai se fuder / Porque, eu sou o agora", mostrando que aqueles conflitos não são mais importantes do que a vida e a superação de cada um, do mesmo modo, evidencia que o retorno ao passado é um alicerce para um novo presente e um novo agora. Digo que é fácil escrever linhas e linhas para elogiar o trabalho da direção, da fotografia, do figurino, elenco etc. Afinal, que bom que vivemos o agora. - Chermont3º - "Eu Vou", Hot & Oreia
Utilizar O Auto da Compadecida (2000) de Ariano Suassuna, considerado um clássico do cinema brasileiro, para o contexto da faixa “Eu Vou” de Hot & Oreia foi uma ideia genial. Belle Melo e Vito Soares, responsáveis pela direção deste vídeo, souberam personificar o humor e a acidez da dupla de MCs de Belo Horizonte. Além disso, colocar Djonga como deus disfarçado de morador de rua, tal qual no filme, é outra sacada precisa, tendo em vista o seu disco O Menino Que Queria Ser Deus (2018). É um desses clipes para não esquecermos tão cedo. - krayMELHOR MÚSICA
1º - "No Meu Nome", Nego Gallo part. Don L
Em 2017 a dupla Don L e Nego Gallo já havia figurado na lista do Genius Brasil de melhores músicas do ano com "Aquela Fé". Repetindo a parceria, agora no disco de Gallo, "No Meu Nome" é uma dessas músicas que não passam batido na audição. O verso de Don L, por exemplo, pode ser exaltado pela qualidade técnica, da construção de rimas e referências. No entanto, a história contada surpreende ainda mais. A história não é deles, é coletiva, é sobre um país desigual como o Brasil, onde a falta de oportunidades esbarra com a violência em um projeto de manutenção da miséria. Toda essa ferida aflora em "No Meu Nome" e, antes que tenhamos retomado o fôlego, Gallo enuncia na música seguinte que o bagui virou. No mesmo ano em que tivemos Bacurau nos cinemas, nos daremos o luxo de ser otimistas pelo revide. - marta2º - "BALÃO", Orochi
O dia 18 de março, em um dos noticiários do Rio de Janeiro, um dos maiores nomes do freestyle da nova geração viu sua trajetória ser esquecida em detrimento de sua detenção na madrugada do dia anterior. "BALÃO" prometeu ser uma resposta a prisão de Orochi, e no beat do Dallass, o rapper roubou o hype pra si e transformou sua canção em um grito de protesto contra a irresponsabilidade policial, o sensacionalismo midiático e, principalmente, o racismo institucionalizado. Um protesto profundamente importante para o povo negro e a sua realidade nas periferias. Sabendo que "aquela nuvem negra passou", o "jovem negro vingou" seus semelhantes sempre tendo em mente que "foi por pouco", pois ainda falta muito pra situação mudar de fato. As batalhas em São Gonçalo, a vitória no Viaduto, o trabalho com o MODE$TIA e toda a sua trajetória na rua o transformou em um um novo rei , um balão que não vai mais parar de subir - Chermont3º - "Carta Pra Amy", Black Alien
Em Hello Hell , Black Alien compartilha conosco sua jornada e é inacreditável o quanto aprendemos e nos identificamos com ela. Apesar de cada um de nós, seres únicos, carregarmos cicatrizes e experiências também únicas, estamos todos ligados pelos erros. Errare humanum est. E é sobre ser um errante e se refazer diariamente que fala "Carta pra Amy". Quando pensamos que é possível controlar todos acontecimentos da vida ("Planejo, deus ri, mas admira minha estratégia"), ou quando insistimos em algo que parece o correto, mas o coração diz outra coisa ("O que eu quero e eu que eu preciso nem se reconhecem quando se encontram na rua"). No fim, fica a lembrança de que somos nós os sujeitos de transformação e isso requer força ("Não posso correr de mim mesmo, eu sei"). Admiração e agradecimento pela obra, mestre! - martaÁLBUM DO ANO
1º - "Abaixo de Zero: Hello Hell", Black Alien
É difícil falar de Abaixo de Zero: Hello Hell sem ser redundante, pois é um álbum que vem sendo elogiado por todos os portais de música desde o seu lançamento. As produções do Papatinho combinadas com as rimas do Black Alien trazem para o ouvinte uma daquelas colaborações do rap para entrar para história. As temáticas são maduras, refletem a história de um MC que acompanhamos cerca de 20 anos e que já passou por altos e baixos. Para muitos, Babylon by Gus Vol.1: O Ano do Macaco é um clássico e não é difícil que os aficionados por rap já estejam falando que este é mais um na conta do Gustavo. Na era dos hits e playlists, um MC da velha escola dá aulas de como produzir um álbum a frente de nosso tempo. De fato, Esse é o retorno do cretino/Dos clássicos, hits, hinos e o bolso cheio de pino. - kray2º - "Veterano", Nego Gallo
Desde o manguebit com Nação Zumbi que o ambiente e cultura regional não dizem mais apenas sobre aquela localidade. Representam um universo, uma sociedade que pulsa por gritar aquilo que se vive, sua realidade e complexidades. Gallo entende e abraça sua vizinhança, favelas e quebradas que emergem uma riqueza artística única por onde passeiam seus flows. A musicalidade, passeando pelo ragga, trap, sempre com uma veia latina presente, transmite pluralidade, ao mesmo tempo que não precisa apresentar localização. É de Fortaleza, das periferias dali, mas diz sobre o estado, o nordeste e o Brasil. Mazelas estão presentes nas mais diversas localidades desse país continental. O rap não é mais de um eixo específico, e só essa abrangência para apresentar a diversidade que Gallo, Coro MC, Léo Grijó e a presença de Don L abarcam nesse disco. Desde o Costa a Costa que a latinidade, a lírica aguçada e, por que não, o carinho com sua localidade mostram que o já veterano tem muito a dizer, muito a rimar e uma urgência ainda jovial. Histórias, estas de vários tipos, dizem muito sobre quem somos como sociedade. Os personagens que ali enfrentam estruturas segreguistas somos nós, seja em Fortaleza ou Santa Catarina. Mesmo sem a pretensão de ser vanguardista, movimentos como o de Gallo em 'Veterano' são fundamentais para guiar, mexer com paradigmas e oxigenar a música. O rap, cada vez mais nacional, ganha muito. - igor frança3º - "Drik Barbosa", Drik Barbosa
Muitos começaram a acompanhar Drik Barbosa a partir de seu verso em "Mandume", embora a MC já tivesse alguns versos fantásticos antes de aparecer na música do Emicida. De lá para cá tivemos inúmeras participações, um disco colaborativo com Rimas & Melodias e o belo EP Espelho. Os fãs esperavam ansiosos pela sua estreia, um disco completo e em 2019 a espera acabou. No seu disco, que leva seu nome como título, Drik mostra todas as qualidades que conhecemos, não só seus belos vocais, mas sua caneta afiada para escrever algumas das rimas mais marcantes do ano. E embora haja participações de peso como Emicida, Rael e ÀTTØØXXÁ e Gloria Groove, é ela que comanda todos os momentos sendo do destaque de cada faixa. Da dançante "Quem Tem Joga" a emocionante "Sonhando", este disco com certeza será um marco na carreira da Drik e no ano de 2019 para o rap nacional. - kray