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Coruja BC1, ‘EP Antes do Álbum’ (Análise)
Coruja apresenta sua evolução artística em "Antes do Álbum" e lança um dos trabalhos mais sólidos da quarentena.
Coruja já é uma voz conhecida na cena nacional. As linha de "Modo F" e "Poetas no Topo 2" abriram espaço para seu álbum de estreia: NDDN (2017), que, mesmo com uma qualidade boa e produções excelentes, não entregou o máximo de sua capacidade. Contudo, é em Psicodelic que o rapper começa a se reencontrar e restabelecer uma identidade, mostrando um álbum com belos momentos, como “Lágrimas de Odé” e “Éramos Tipo Funk”, e sonoridade mais concisa e equilibrada do início ao fim da obra.

No meio de um contexto desafiador para o meio artístico com a paralisação das atividades presenciais devido a quarentena e o lockdown em algumas cidades brasileiras, Coruja se desafiou a escrever um EP em um único dia, e agregou duas músicas já lançadas e conhecidas pelo público: "Antes do Álbum" e "Modo F", aqui apresentada com uma outra roupagem.
Com 7 faixas e lançado de maneira independente, 'Antes do Álbum' é o lançamento que precede seu terceiro álbum de estúdio, nomeado "Brasil Futurista", e conta com as produções de Deryck Cabrera, DJ Will, GROU e Skeeter, além das participações de Cazz e de sua irmã Késia Estácio.

Confira abaixo os comentários e avaliações da equipe:Não há dúvidas que o Coruja que vimos no "ano lírico" não é o mesmo do que vemos hoje. O MC vem apresentando uma evolução crescente nas suas últimas produções, e esse resultado é demonstrado nesse novo EP. 'Antes do Álbum' apresenta um resultado satisfatório e tem seus pontos altos com "Ícaro", "VIP" e "João e Maria", esse último com um refrão marcante do Cazz, dando destaque a sinergia do artista com seus produtores. Como uma marca do rapper, as letras apresentam o clássico "estilo Coruja", com punchlines agressivas e críticas, ao mesmo tempo que apresenta um lado mais melódico - ao mesmo tempo erótico - na sua lovesong "Som de Fazer Pivete".

Contudo, o EP não possui nenhuma novidade no sentido lírico por parte de seu autor. Coruja não se reinventa e nem traz uma estética diferente, e sim apresenta o melhor feito nos seus álbuns anteriores, demonstrando a evolução artística do rapper e seu amadurecimento. É um EP de momento, e considerando-o como uma transição, Coruja nos deixa otimistas e ansiosos para o seu terceiro álbum.
- ChermontNeste novo EP, apesar de ser um “disco de quarentena”, Coruja BC1 aparece mais focado. O MC explora algumas das levadas e estilos que deram certo no seu disco anterior ao mesmo tempo que apresenta um desenvolvimento na entrega das rimas. O disco se beneficia pela excelente produção, assinada por Deryck Cabrera, DJ Will, GROU e DJ Will. A nova versão de “Modo F” fornece novas levadas do MC, reinventando a música completamente.

Não diria que este EP é um trabalho excepcional, mas é um bom aperitivo para o seu próximo álbum, um ótimo trabalho de transição, principalmente por surpreender com uma evolução considerável desde Psicodelic. As levadas e o controle vocal do Coruja estão muito melhores, mas suas letras podem ter um equilíbrio maior, se seguir o caminho de “Baby Girl” e “Ícaro”, duas das melhores que ele nos ofereceu, seu próximo disco pode finalmente alcançar as expectativas que muitos criaram depois de A Voz no Coração (2014).
- krayAcho interessante destacar minha relação conturbada com os projetos do Coruja. Meu primeiro contato com ele foi em "Modo F" (Lembre-se dessa faixa!), onde seu flow agressivo me chamou muita atenção. Fui atrás de ouvir "NDDN" e me dei de cara com uma das maiores decepções daquele ano. O primeiro álbum do rapper parecia uma série de ideias que, por mais que interessantes, se perdiam e ficavam totalmente desorganizadas. Como havia um GRANDE potencial no artista, dei outra chance e tentei apreciar "Psicodelic", que em contrapartida, organiza bem tudo o que promete ser, porém, não se desenvolve da maneira esperada. Mesmo com minha baixa expectativa, nesse clima parado e infeliz de pandemia, "Antes do Álbum", com seus notórios defeitos e de forma paradoxal, revive os bons e ruins sentimentos que senti em 2017

A lírica de Coruja continua como já estamos acostumados: uma lírica simples, com uma enxurrada de referências jogadas na cara do ouvinte. Essa técnica, quando aliada de uma linda produção, como em "Ícaro", passa batida, gerando um dos pontos altos do projeto. Entretanto, não é o que ocorre em "Baby Girl". Infelizmente, as letras são escritas dessa forma durante o disco todo, num monótono revezamento entre rimas emparelhadas e alternadas.

Realmente, chegamos em 2020 e entender as tracks do rapper é mais fácil do que ele esperava. O EP se mostra um destaque na carreira de Coruja, que mesmo repetindo a mesma fórmula pela terceira vez, é salvo pela produção. É uma erguida em toda expectativa colocada sobre ele anteriormente. No futuro saberemos se Coruja nos presenteará com um clássico ou outro disco da mesma qualidade.
- Felipe Ferreira (kmiya)