Budah fala com Genius Brasil sobre sua trajetória musical.Diretamente do Espírito Santo, a rapper Capixaba de voz potente, Budah, vêm sendo grande destaque no cenário do rap nacional. Nesta quinta-feira, 25 de Junho de 2020, lançou mais um single daqueles de ficar na memória, “Terra de Buda” conta com a produção de Velho Beats e em poucas horas de lançamento, já coleciona mais de 6 mil visualizações no Youtube. Tudo começou lá em 2017, com a estreia de “Neguin”, primeiro rap escrito e rimado por ela. Naquele mesmo ano, mostrou-se com força na Cypher “Mulheres”, ao lado de outras rappers femininas - Mary Janes, do Melaninas, P-Drita, do Preta Roots, e Bella Larbac, e também no quadro RND Freeverse, com a música “Cola Comigo”.
Daí, não parou mais. Budah viria a ser mencionada em inúmeras matérias de sites com temática de rap e não-rap por todo o Brasil. Em 2018, foi alavancada como uma das apostas para o rap nacional no ano de 2019, pelo site Vice. Assim foi. Desde 2019, Budah vêm estabelecendo conexões importantes e bem acertadas em colaborações com outros artistas do gênero, são elas“Quando Eu Te Ligar” ft. Erro 27 & Jamal, “Estar Com Você” ft Chris MC, “Lingerie” ft. Yunk Vino, entre outros.
Budah faz parte das mulheres que representam o rap feminino no país, e serve de inspiração para as muitas que ainda estão atrás dos holofotes. Nota-se a sua trajetória regada de canções e letras que bem se adequa ao seu timbre forte. Para tanto, o Genius Brasil não poderia deixar de conversar com a rapper sobre as suas impressões de tudo que vêm acontecendo em sua vida, bem como as suas metas para este ano. Confira então, a entrevista completa:
Budah, primeiro, conte-nos um pouco da origem do seu nome artístico? E como você, enquanto Brendha Rangel, encara esse nome de potência de entidade que tão bem te define após estes anos de carreira musical?
R: O meu nome artístico, indiretamente veio do pixo, na época, em 2014, eu comecei a participar mais dessa cena aqui. Já tendo amigos próximos que pixavam/grafitavam, eu precisava de uma tag. Então um dia um amigo meu disse que eu parecia um Buda, naquele tempo eu ainda tinha o cabelo alisado é só usava coque, e alargador, lembrava as características, e como eu precisava de uma tag, adotei. Como no pixo a gente se chama pela tag, logo pegou o apelido, e quando comecei a fazer música meu produtor me orientou a colocar o “h” no final pra não ficar tão simples, e foi aí que surgiu “Budah”. Eu amo esse apelido, tenho um Buda tatuado pra lembrar que eu sempre vou ser essa personagem, não sou budista mas admiro muito quem foi Buda e o significado desse nome, significa “Iluminado” e eu me considero uma pessoa assim, por toda a minha trajetória na música e na vida.
“Neguim” foi seu primeiro trabalho com o rap. Como foi o processo de criação desta canção? Você teve ansiedade sobre como ela seria recebida pelos teus ouvintes? Quando foi que você parou e viu que era esse o gênero musical a seguir?
R: Foi. Foi bem espontâneo na real, foi como eu me descobri. Eu escrevi ela em 10 minutos, não tinha noção de que eu sabia escrever, ou que eu gostava disso, só aconteceu. Eu sempre ouvi muito Black Music e todas os gêneros pertencentes à cultura preta então eu sempre vou querer fazer algo parecido com Soul, R&B, Samba, e por aí vai.
Quais são as suas impressões sobre as parcerias que você construiu desde 2017 até agora? Quais delas você ainda almeja conquistar?
R: Eu sempre trabalhei com pessoas muito especiais, desde sempre, eu vejo que a evolução são pra pessoas mais consolidadas em sua carreira na música e que diretamente querem mudar a vida de pessoas em que elas acreditam e eu tenho muita gente assim próxima de mim, isso é maravilhoso. Mesmo assim não deixo de trabalhar com artistas independentes, até porque, eu sou, eu sempre vou trabalhar com quem eu admiro independente de números, acho que é pra isso que serve a música. Eu tenho o sonho de cantar com o Péricles algum dia, quando isso acontecer, vou estar satisfeita
O seu processo de criação para as letras, costuma ser forte como o é quando todo o trabalho chega até nós?
R: Eu sou bem específica na hora de compor, vejo meu trabalho muito como público também, às vezes paro e penso no que eu to sentindo falta de ouvir como público e falo: “hum, tá faltando mais músicas românticas” ou “tá na hora de vir mais agressiva” e é assim, ultimamente tenho mais facilidade então fica mais fácil ter esse processo de ser mais objetiva pra escrever.
Quando você saiu do Espírito Santo, a fim de apresentar-se/produzir em outros Estados? Como foi lidar com essa percepção de sucesso?
R: Muito louco. Em 2018 eu fui pra Bahia a trabalho e não parei mais de viajar. É muito legal saber que em um estado bem pequeno como o meu eu consigo atingir o eixo onda música fica. Querendo ou não, RJ e SP são os principais estados onde tudo acontece e são os estados em que eu tenho mais streams. Isso mostra o poder que a música tem, e eu acho incrível.
Quais são as tuas inspirações dentro do rap feminino nacional? Quais delas mais estão presentes na sua musicalidade?
R: Eu sempre escutei muito Karol Conka quando eu não fazia música porque ela canta e rima...e ainda amo muito, é minha referência. Atualmente eu tenho escutado muito o álbum novo da Bivolt, Tasha e Tracie, Onnika..essa galera de SP tem uma estética muito legal, e as minas quebram muito, além de rimarem cantam muito bem e eu sempre to observando as minas que fazem isso.
O que você tem a dizer, às mulheres, jovens como você, que sonham adentrar essa cena musical importante de ser preservada?
R: Eu acredito que a música é quem escolhe a gente. Eu já tentei trabalhar em diversas áreas e sempre acabei voltando pra cá, em um momento eu entendi que ela tinha me escolhido e fiquei nela, e aí tudo começou a dar certo. O que eu tenho a dizer é: vergonha não te leva a nada, se você sente que isso faz parte da sua vida, siga seu coração, as coisas vão acontecer naturalmente e tenha paciência, pode durar anos, mas nunca desista.