Fabio Brazza
Heróis Invisíveis
[Verso 1: Fabio Brazza]
São 5 da matina, ele sobe no ônibus
Seu Antônio é só mais um dos nossos heróis anônimos
E eu me pergunto quantos Antônios
Que ninguém vê, que não tão na TV
Mas que são do nosso país personagens icônicos
Sinônimos de luta, na labuta, sem estudo
Sem deixar de ser contudo um ser humano idôneo
Sem auxilio, tem três filhos, do primeiro matrimônio
Nosso povo, nosso maior patrimônio
E mesmo com salário precário, acorda disposto
Com o sorriso no rosto e sem faltar no horário
Assim como seu Luiz carroceiro
Que com pouco dinheiro e ensino primário
Viu o seu filho se formar universitário
E com mais de 60 anos e problema na coluna
Transforma o lixo da cidade na sua fortuna
Como dona Maria, moradora de periferia
Que cruza a cidade todo dia pra cuidar do filho alheio
Pensando no própria cria
Que ficou em casa olhando pra panela vazia
Esperando a mãe que ainda não veio
Como tantos filhos sem pais
Que cresceram graças a mães solteiras
Que nunca ganharam um Nobel da paz
[Refrão]
Que não te falte forças pra lutar, motivo pra sorrir
Fé pra acreditar e amor pra dividir
Que não te falte forças pra lutar e motivo pra sorrir
Fé pra acreditar e amor pra dividir
[Verso 2: Fabio Brazza]
Quer saber onde tão nossos heróis?
Eles não tem capas, nem ganharam copas
Eles estão no meio de nós
É o gari que a gente não cumprimenta
É o cidadão comum
É o professor que foi como um pai
Pro moleque que nunca teve um
É o policial que arrisca a vida pra salvar o inocente
E mesmo com o salário de fome, rejeita a propina
É o médico que salva a vida do paciente
E sem estrutura, pratica um milagre da medicina
É a menina que nasceu na miséria
Estudou sozinha a matéria e passou em primeiro na disciplina
É o trabalhador brasileiro
Que não segue a sina e mesmo no desespero
Devolve o dinheiro que encontrou na esquina
E ao ver toda essa luta, eu pensei na hora
Um pensamento que me veio lá do fundo
Essa gente que a gente ignora
Tá salvando o mundo, irmão, tá salvando o mundo
[Refrão]
Que não te falte forças pra lutar e motivo pra sorrir
Fé pra acreditar e amor pra dividir
[Ponte]
Eu vou pedir pra meu Deus que alivie a dor
De cada trabalhador dessa cidade sem cor
Que põe a fé no labor, com lágrimas e suor
E com o pouco que tem, constrói um mundo melhor
[Verso 3: Fabio Brazza]
Toda vez que eu passo em frente deste edifício
É difícil de alembrá
Foi aqui que eu e meu amigo vivemo
Quando em São Paulo viemo morá
Nóis trabaiava de pedreiro e construíamo casa
Mas não tinhamo casa pra ficá
Foi quando fizemo nossa casinha aqui
Até o oficial de justiça mandar derrubá
Nois fiquemo tão triste
Que fumo com o dono do terreno conversá
Que disse que se a gente trabaiasse pra ele
Etão ele ia nos ajudá
Construímo tijolo por tijolo até o prédio cabá
E quando por fim cabemo
O dono pagou uma merreca e mandou a gente pastar
Meu amigo Joca tinha feito tantos planos
Que não conseguiu guentá
Ficou maluco da cachola e resolveu se suicidar
Subiu até o alto do edifício e pulou do último andar
E é por isso que quando passo por esse edifício
É difícil de alembrá, é difícil de alembrá
[Saída]
Eu vou pedir pra meu Deus que alivie a dor
De cada trabalhador dessa cidade sem cor
Que põe a fé no labor, com lágrimas e suor
E com o pouco que tem, constrói um mundo melhor
Eu vou pedir pra meu Deus que alivie a dor
De cada trabalhador dessa cidade sem cor
Que põe a fé no labor, com lágrimas e suor
E com o pouco que tem, constrói um mundo melhor